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SEÇÃO: Futebol Amador
UM É BOM. DOIS É DEMAIS – Final
26/06/2008 - 08:45 hs
 
Moura Miranda (*)
Como, por motivos particulares, não foi possível escrever a coluna no último domingo, aproveito para hoje encerrar o meu raciocínio sobre o ponto de vista de que no futebol profissional do momento, nas cidades de médio porte, um clube profissional é bom, mas dois podem ser demais. Primeiro, quero esclarecer que este raciocínio é, em se tratando de um clube forte e capaz de se manter na primeira divisão do seu Estado, sem grandes dificuldades e disputar, na pior das hipóteses um Campeonato Brasileiro pelo menos da Série B. Desde que se contente com o fato de não disputar nenhuma competição nacional de expressão, e só ocasionalmente participar da elite do futebol do Estado, é claro que se pode ter até mais de duas equipes chamadas de “profissionais”.

Como acredito que dentro de poucos anos o futebol brasileiro não terá mais de uma centena de clubes que poderão ser chamados de profissionais, sem as aspas, a cidade que não criar condições para seu clube se estruturar para enfrentar esta nova realidade do nosso esporte maior ficará fora do circuito, que incluirá as grandes equipes e os grandes astros.

Nos dias atuais uma grande e apaixonada torcida já não é mais garantia de um grande time. Se isso fosse verdade o Corinthians não estaria na segunda divisão e o Flamengo seria campeão brasileiro todos os anos. No entanto, ter torcida é importante, como ter organização, dirigentes com visão empresarial e bons parceiros-patrocinadores.

Uberaba pode ter um dos 100 melhores clubes do futebol brasileiro. Dispõe de alguns dos principais requisitos para isso, mas não pode ficar enroscado em picuinhas locais. Não me atrevo a dizer que o futuro único clube forte do futebol local deva a ser o Uberaba Sport Club. Reconheço que inicialmente ele é o que tem mais possibilidades para que isso aconteça, mas pode perder essa condição para qualquer um dos clubes existentes na cidade ou até mesmo para um novo que apareça a qualquer hora, criado sem grandes problemas dentro da atual realidade do futebol profissional.
Enquanto aqui nossos clubes tentam sobreviver, em outras cidades acontecem reestruturações que podem levar seus representantes do futebol antigo ao moderno. Mas, uma coisa essas cidades têm de diferente de Uberaba: união entre os que gostam e fazem o futebol. Primeiro, são cidades de clube único, onde todas as forças econômicas e políticas se convergem para um único ponto. E olha, que no momento atual força política está contando muito! Será que se em Uberlândia existisse mais de um clube de futebol profissional o deputado Gilmar Machado teria incluído o Verdão na Timemania e arrumado verba de mais de R$ 1.600.00.00 (um milhão e seiscentos mil reais) para ser aplicada nas suas divisões de base?!

Duvido. É só observar que aqui em Uberaba os nossos políticos fogem do assunto futebol como o diabo foge da cruz. Eles partem do princípio de que, se não podem ajudar todos, não ajudam nenhum. O prejuízo, para eles, pode até não ser muito grande, mas a falação será. O melhor é se fazer de bobo e ir levando a vida sem se envolver com o problema.

As grandes empresas e os patrocinadores potenciais também aproveitam o argumento para se manterem afastadas do futebol, coisa que não acontece em outras cidades. O Itumbiara, por exemplo, só conseguiu ser campeão goiano porque uniu 100% a cidade. Do prefeito, e principalmente este, ao pipoqueiro, todos vestiram a camisa do clube. Nosso vizinho também está procurando o caminho certo, embora ainda se apequene com convênios que lhe tiram a identidade e a individualidade. A hora de mudar é agora. O momento é um divisor de águas no futebol. Aqueles que agirem rapidamente e se modernizarem de acordo com as novas regras terão chances de sobreviver. Os que ficarem vivendo do passado irão desaparecendo cada vez mais rápido. Recordar o passado é muito bom; o que não dá é viver só dele.

Sei que a minha idéia não é unanimidade. Talvez sequer seja simpática a maioria. Mas, com certeza, será analisada e discutida pelos que sabem que a mudança é necessária. É a tese defendida por quem vive o nosso futebol diuturnamente há quase quatro décadas. Ou mudamos agora, trocando a quantidade pela qualidade, e temos chances de sobrevivência, ou vamos para a vala onde se encontram dezenas de clubes que um dia foram grandes e hoje são apenas páginas de histórias contadas por saudosistas. Uma boa reflexão sobre o tema por aqueles que se interessam por ele e me honram com suas leituras.


(*) radialista, jornalista e comentarista esportivo
 
 
 

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