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COLUNA: BALEIA
Baleia


28/01/2007 - Domingo
DAKAR 2007
 
No domingo passado terminou o maior Raid da era atual. Dakar, como é
normalmente chamado. A edição 2007, aparentemente, foi mais fácil que a 2006 numericamente falando. Em 2006 menos da metade dos veículos que saíram de Lisboa conseguiram chegar a Dakar. Já este ano, dos 535 inscritos, 300 chegaram a Dakar. Também é preciso levar em conta que duas especiais foram canceladas nesta edição. No ano passado, apenas as motos ficaram sem competir por dois dias. E foi nas motos o maior número de desistências, 128 no total, das 260 que largaram. Nos carros, dos 187 que largaram, 78 desistiram. Restando 109 na final. Na categoria dos pesados, dos 88 que largaram 59 chegaram. Totalizando 29 abandonos.


O virtual vencedor da categoria motos, Marc Coma, sofreu um grave acidente na 12ª etapa. Culminando num traumatismo craniano e no abandono da prova. Marc Coma, que viu a vitória cair em seus braços ano passado com o trágico acidente do grande Andy Caldecott, este ano cedeu a vitória a Cyril Despres. Que, apesar do azar do companheiro, merecia a vitória pois fez uma prova de recuperação após se acidentar logo nas etapas iniciais. Para não dizer que tudo foi ruim nesta etapa, 14ª, nosso Jean Azevedo foi o vencedor. Mas no resultado final ficou bem atrás.


Despres é um fato no mundo dos ralis de resistência. Esporte que exige muito dinheiro. É interessante lembrar que até 2001, Despres ainda era um mecânico de motos. Encantado por motos desde os 14 anos, o então menino começou a trabalhar numa oficina para juntar dinheiro, e ficar mais perto de sua paixão, as corridas em duas rodas. Em 1998, fez sua estréia entre os profissionais no Rally da Tunísia, quando alcançou a 13ª colocação na classificação geral. Três anos mais tarde, conseguiu um patrocinador, e assim deixou de ser mecânico. Com o passar dos tempos, mostrou-se especialista nas provas africanas; pois é bicampeão do Rally da Tunísia, bi do Rally do Marrocos e tri do Rally dos Emirados Árabes.


Normalmente estas competições servem de base para o piloto se acostumar ao território africano. E assim alçar vôos mais altos, que culminam no grande Dakar. O primeiro grande feito do ex-mecânico foi vencer o Rally Dakar em 2005. E repetir o feito em 2007, com ajuda de sua aliada, a sorte, que acompanha todos grandes vencedores. Mudando de categoria, espero que Kimi Raikonein continue a ser um grande azarado. No momento atual é raro um piloto ter uma boa base mecânica e ainda ter um bom braço. Na F1 o último representante dessa espécie foi o nosso Nelson Piquet, o pai.


Nos carros um quase replay do ano passado. A VW começou arrasando. Se bem que este ano eles pareciam estar mais convincentes. Mas como as coisas se resolvem no final e no difícil solo africano, a Mitsubishi saiu das cinzas e começou a liderar. O grande nome entre os pilotos foi Stephane Peterhansel. Mais de cinco mil pilotos já disputaram o Rally Dakar desde que ele foi criado, em 1979, na verdade em 1978. Apesar desses números, Stephane Peterhansel é o maior campeão da história do rali mais difícil do mundo. E ao garantir o título da edição deste ano, ele chegou à nona conquista do Dakar. Foram seis títulos nas motos (1991, 92, 93, 95, 97 e 98) e mais três nos carros (2004, 2005 e 2007), categoria que ele disputa desde 1999. Com os nove canecos que tem em sua sala de troféus.


O francês de 46 anos já soma três de vantagem para o segundo maior vencedor do Dakar, o tcheco Karel Loprais, com seis campeonatos (todos nos caminhões). Uma categoria menos disputada. Stephane Peterhansel é o cara. Usando a lógica, quando era mais jovem e dono de seus melhores reflexos andava de moto. Quando sentiu que estava correndo mais riscos que o necessário, andando de moto, partiu para os carros usando toda a experiência que tinha adquirido no mundo das duas rodas. Competir em quatro rodas é menos arriscado que em duas.


Esta 29ª edição também fez suas vitimas. E foram duas. Assunto chato, e que nem deviria ser tão nem mencionado. Mas é o mais difundido pela grande mídia, que chama o rali de Rali da Morte. Diferentemente do ano passado, este ano ninguém do público foi vítima. Pelo jeito, as novas normas de controle de velocidade nos vilarejos deram resultado. Como de costume, as vítimas foram nas motos. A primeira foi o Sul Africano Elmer Simons, no dia 09/01. Caiu numa vala na quarta etapa no Marrocos. Já a ultima vitima, morreu de um mal nada normal, aparentemente no Rali. Sofreu um ataque cardíaco no final da etapa entre Tambacounda e Dakar. Faltavam apenas 15 Km/s para completar a etapa.


Eric Aubijous, 42, era francês. Fazia sua sexta participação no Rali. Competia há vinte anos. Acho que o preparo físico é muito importante para quem compete nas motos. Não será novidade se no ano que vem, a organização exigir um exame de saúde mais complexo desses competidores. Ele foi a 50ª vítima do rali. Dessas 50, 25 foram da categoria motos.


Uma ótima semana a todos!
 
 
   
 

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