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COLUNA: BALEIA
Baleia


26/08/2010 - Quinta-Feira
Coluna do Baleia
 
BALEIA

Mês do carro doido

Agosto é o mês do carro doido no linguajar dos mais vividos. Mas é o mês da nossa senhora da Abadia. E também é conhecido como um mês azarado.

Mas foi justamente em agosto que nasceu um dos maiores expoentes que já habitaram o mundo da F-1. Um tal de Nelson Piquet. Foi o nosso primeiro tri-campeão. Sem querer diminuir o bi do grande Emerson Fittipaldi.

Fora tudo aquilo que a imprensa viveu com nosso primeiro tri campeão, ele tem uma peculiaridade que ninguém pode tirar dele, Nelson conseguiu ser sempre ele, nunca foi chegado a ter um ou vários assessores de imprensa. E conseguiu ser ele sempre. Coisa impossível no automobilismo e mesmo no mundo de hoje.

Aquilo que a grande imprensa sempre tratou como um defeito, na verdade é a maior qualidade do caráter de Nelson Piquet. Ele nunca se conformou em atuar como falso ou ator, e sempre falou aquilo que achava, doesse a quem doesse. E por isso achou vários inimigos em sua carreira.

Piquet teve uma lição de vida ao ser piloto do asqueroso "Verme" Ecclestone. Os que poderia ser um infortúnio para a maioria dos que viveram essa experiência, foi uma aula de vida para Nelson. Em vez de aprender o que era ruim ele usou a experiência a seu favor. Mas o grande público foi levado pela opinião dos profissionais de imprensa, que nunca perdoaram as atitudes ou respostas do brasileiro quando tentavam entrar na sua vida particular.

Mas o melhor mesmo era quando era feita uma pergunta estúpida e ai aparecia o espirituoso e irônico Nelson com respostas fulminantes e, na maioria das vezes, engraçadas. Mas que nunca agradavam os jornalistas. No Google é possível ver algumas tiradas desse genial piloto, digite "frase de Piquet". Escolhi algumas:

"Ser campeão do mundo não muda nada na sua vida, você acorda no outro dia
com fome, com dor de barriga, e peida."

"Você sabe por que o Senna corre com o numero 12? Por que ele é meio viado!" Sobre quando Senna corria com a Lotus número 12.

"O negócio dele é garotões. Eu nunca o vi com mulher." Sobre a orientação sexual de Senna.

"Se tiver eu como!" Perguntado se havia algum homossexual na Fórmula 1 entre os pilotos.

"Sabe como eu fiz pra passar o Pironi? Dei uma graninha pra ele e fui embora!"

"A Indy é um brinquedo para velho aposentado, como eu." Perguntado a diferença entre Fórmula 1 e Fórmula Indy.

"Senna se arrisca demais; Prost é cheio de frescura; Rosberg muito confuso; e Arnoux, um panacão. "

Repórter - Você conquistou o mesmo números de títulos do Senna na Fórmula 1, no entanto fala-se muito no mito Senna e deixam de citar o Piquet, ainda vivo. O que você acha disso?

Piquet - Eu vejo isso como ótimo. É bom que eu dou menos entrevista, e o pessoal enche menos o meu saco.

Repórter - O dinheiro é importante?
Piquet - Lógico, muito importante.
Repórter - E as mulheres?
Piquet - Ajudam a gastá-lo.
Repórter - Piquet, acho que você não esperava por esta vitória, certo?
Piquet - Realmente não, eu esperava que todos batessem na primeira curva.

"O comendador Enzo (Ferrari) é um velho gagá" Em lendária entrevista para a
Playboy

"(Eliseo) Salazar não é piloto, nunca foi. Ele é motorista!" Após brigar com o piloto da ATS no GP da Alemanha de 1982.

"Vai dar pra ganhar hoje, Nelson?" "Eu não sou mago, sou piloto." Ao responder um repórter ao vivo, nos anos 80.

"Como está o carro?" "Uma merda." "E o estado de espírito?" "Igual ao carro. Outra merda." Diálogo entre Marcus Zamponi e Nelson Piquet, revista Auto Esporte, GP do Brasil, 1988.

"O Mansell é um idiota veloz. O Prost é um babaca. O (Patrick) Tambay é cheio de frescura. O (René) Arnoux é um idiota de QI 12. Como posso ser amigo desses caras todos?" Nos anos 80.

"Acho que ele (Flavio Briatore) não me conhecia. Fechamos um contrato por US$ 100 mil por ponto marcado no campeonato, mais um bônus por vitórias. No fundo, ele achava que ia me pagar pouco. Ganhei US$ 8 milhões, venci duas corridas e só cheguei atrás do Senna e do Prost." Em entrevista no fim de 1990, quando foi 3º colocado no campeonato.

"Muito prazer, meu nome é Nelson Piquet." Na coletiva de imprensa do GP do Japão de 1990, brincando com os jornalistas depois de sua primeira vitória na F-1 desde o GP da Itália em 1987.

O mais importante é que esse piloto é uma jóia que não existe mais nos grids atuais. Um piloto que sabe acertar e melhorar um carro. Um cara que aprendeu a viver do automobilismo, mas não deixou a vida passar em branco. Famoso por sua vida extra-pista, ele sempre curtiu muito a fama e o dinheiro que a F-1 lhe proporcionou.

Uma coisa que sempre chamou a atenção foi a maneira de ser de Nelson antes de chegar ao mundo da F-1. Uma pessoa que não importava muito com dinheiro quando corria no Brasil, e dependia de favores de amigos e mecânicos para correr.

Ele nessa época vivia e respirava automobilismo. Aprendia rápido e desenvolvia esse aprendizado. Ficou famoso por ter uma Kombi e um carro de super Ve. Tinha grana para ir para as corridas e dependia do premio de chegada para voltar. Seu oponente na mídia brasileira foi o contrário. Senna correu no Brasil, mas não tinha grandes conhecimentos mecânicos. Mas quando desembarcou na F-1 correu atrás do prejuízo e formou escola. Hoje muitos pilotos ficaram escravos dos engenheiros e saem tarde da pista estudando uma maneira na telemetria de achar alguns milésimos para o dia seguinte.

Uma das situações onde podemos avaliar melhor o conhecimento e malandragem de Nelson foi em Monza quando corria na Brabham com Lauda, e pediu ao o chefe de mecânicos que tirasse as engrenagens da 1ª, 2ª e 3ª marchas. Sem entender bem o pedido e com insistência do piloto, foi feito. Piquet melhorou drasticamente sua posição no grid. Terminando a frente do primeiro piloto Nick Lauda.

Depois do feito, o chefe de mecânicos indagou o piloto, curioso: Como é que você sabia que dava para sair dos boxes de quarta marcha? E obteve a seguinte resposta: Foi a primeira coisa que fiz no primeiro dia de treino! Depois de situações como essa, Nelson ganhou o respeito de Belami e formaram uma dupla de grande sucesso.

Outra de Piquet. Quando foi para Europa para correr de F-3 e quase nenhum no bolso. Piquet alugou um carro para decorar o traçado de Nurburgring que na época tinha mais 22 km/s. No primeiro dia rodou pelas estradas que compunham o circuito o dia inteiro. No dia seguinte foi para a locadora e pediu outro carro, alegando que aquele estava com problemas, pois havia desgastado todos os pneus em apenas um dia rodando tranqüilamente. O carro foi trocado e no segundo dia lá estava Piquet reclamando do mesmo problema.

É por essas e outras que seria impossível descrever todas as traquinagens de Nelson Piquet, um dos maiores que habitaram a F-1. Mas falar bem de Nelson no Brasil, sua pátria natal, é um perigo. O grande ídolo da maioria é Senna, que morreu como um grande lutador e soube construir uma imagem amparada por profissionais da imprensa. Coisa que o imprevisível Nelson sempre abominou.

Felicidades a todos!
 
 
   
 

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