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SEÇÃO: Secret. de Esportes
Adeus, Boulanger Pucci...
27/05/2008 - 09:30 hs
 
Maurílio Moura Miranda (*)

Estou sentindo e pré-sentindo que agora vai. O glorioso Uberaba Sport Club dificilmente irá comemorar seu próximo aniversário em casa, isto é, no velho Estádio Boulanger Pucci de tantas glórias, histórias e tradições.

Por mais de uma dezena de vezes nas últimas décadas, o maior patrimônio do colorado, que por enquanto é de BP, foi ameaçado de mudar de dono e de finalidade. Em todas as vezes, graças à habilidade de bons advogados-torcedores o desenlace foi adiado. Parece que agora a história terá fim. Sinto que até mesmo a diretoria, cansada de empurrar o processo para frente, está disposta a pagar para ver. É isto mesmo, como no jogo. Aliás, acho que este próximo leilão será como no jogo de pôquer. Alguém pode levar o prêmio com um Royal Street ou um bom blefe.

A diretoria colorada sabe bem a situação do clube, que parece não ter salvação se o seu principal patrimônio não for passado para frente e não sobrar alguma grana depois das dívidas saldadas. A grande expectativa é sobre o valor dos lances que serão dados no leilão do mês que vem. Existe uma grande discussão sobre o valor do velho BP. Dizem que a Justiça avaliou em pouco mais de R$ 3 milhões, que representam menos de 50% da avaliação de especialistas imobiliários e o Uberaba poderia receber bem mais que o valor estipulado para o lance inicial, enquanto algumas velhas rapinas financeiras querem pagar um precinho bem camarada para garantir o direito de erguer ali mais alguns arranha-céus ou shopping center.


Tenho a impressão de que a diretoria está com uma carta na manga, para evitar o “precinho de banana” que alguns estão esperando. Caso contrário, corre-se o risco de o Boulanger Pucci ir e a maioria das dívidas ficar. Se isso acontecer, quem corre o risco de ir definitivamente é o próprio “glorioso”. Alguém já parou para pensar o que acontecerá de imediato com o USC se o Estádio Boulanger Pucci for arrematado mês que vem? Como ficará o time?


É verdade que não resta muita coisa de valor no velho BP. Os livros das atas das reuniões da diretoria e do conselho deliberativo – dizem que aqueles de contabilidade onde se registram ativos e passivos desapareceram há muito tempo – cabem numa pequena caixa de papelão. Os troféus, placas e medalhas, tão raros ultimamente, cabem tranqüilamente no banco traseiro de um Fusca – os mais antigos parecem ter sumido há muito tempo também.

A imagem de São Jorge, que ajudou o clube tantas vezes, merece ser retirada com cuidado da entrada dos vestiários e guardada em lugar especial. E o busto do Dr. Boulanger Pucci, que ficava no final do túnel, na entrada do campo, faz tanto tempo que não entro no BP que nem sei se ele ainda está lá ou foi derretido em algum ferro-velho da cidade. Se ainda existir, merece ser guardado como lembrança.


Se o velho BP for mesmo passado para frente no mês que vem e o empresário-investidor quiser colocar por lá as máquinas demolidoras, como ficarão os jogadores de todas as categorias do clube? Parece que ficarão como personagem do samba de Adoniran Barbosa, no meio da rua esperando a demolição, com um falando para o outro que “Deus dá o frio conforme o cobertor”. A diretoria, acertadamente, sonha com um moderno centro de treinamento. O prefeito já teria liberado uma área na Univerdecidade, que o Naça, só de pirraça, está exigindo a metade.


Mesmo que sobre um bom dinheiro do leilão e seja concretizada a doação, ou comodato da área para esse centro de treinamento, demorará uns três anos para ficar pronto. Até lá, onde o USC vai morar? Ou melhor, treinar? Quem não terá problemas de moradia serão os “fantasmas de BP”. Eles continuarão lá, com ou sem demolição. Se, por ventura, o velho estádio se transformar em um grande supermercado ou shopping e os proprietários constantemente encontrarem televisores na geladeira do açougue ou peças de carne na sessão de vestuário, saibam que isso faz parte da vingança dos “fantasmas de BP”.
Se o local se transformar em um condomínio residencial a vingança será mais fácil e não passará de bons puxões de cobertas nas madrugadas mais frias ou apagões elétricos na hora da cobrança do pênalti no jogo da TV.



(*) jornalista, locutor e comentarista esportivo, ex-secretário municipal de Esporte e Lazer de Uberaba
 
 
 

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