Uma vitória marcante e de personalidade. Assim podemos classificar a atuação de Massa na Espanha. Raça e determinação são os adjetivos adequados para a circunstância. Massa começou a construir sua vitória no sábado com a pole position. Para a tristeza da grande torcida local, pois essa é a única maneira de vencer neste circuito. Uma segunda hipótese seria largar em segundo, também na primeira fila, só que do lado sujo da pista. Só não se poderia repetir a cena da Malásia, onde Massa perdeu a primeira posição mesmo largando na pole. Desse modo a imprensa italiana nunca o perdoaria, como não o perdoou na Malásia.


Alonso e Massa sabiam que quem fechasse a primeira curva na frente certamente sairia vencedor da etapa. Sendo assim os dois partiram para um tudo ou nada na disputa da primeira curva. Normalmente este tipo de disputa termina mal para os concorrentes, mas dessa feita não foi o que aconteceu. Ainda bem, pois nosso piloto demonstrou estar de bem com a sorte.


A imprensa espanhola não perdoou Massa, tachando-o de imprudente e tudo o mais. O que não é nada estranho, pois se fosse o contrário e aqui no Brasil, a situação seria a mesma. Todos criticaríamos o espanhol. O mais importante foi que nosso piloto fez mais um final de semana completo, pole, melhor volta, maior número de voltas na liderança e o melhor, a vitória. Além disso, agora é o líder dentro da equipe. Na sua frente somente os homens da McLaren, e por míseros três pontos no caso do líder Lewis e um ponto no caso de Alonso.


A corrida para nós brasileiros foi ótima, para os hispânicos não. Como está se tornando mania neste ano, depois da primeira volta acaba a graça. Ainda mais nesta pista da Catalunha. Novamente vimos carros rápidos andando atrás de carros bem mais lentos, e sem chances de realizar uma ultrapassagem. Esta é a maior deficiência da F-1 nos dias atuais. Mas quem gosta acompanha tudo e ainda curte muito. Mesmo quando Galvão erra na transmissão. Confesso que me acostumei tanto com suas baboseiras que quando uma prova não é com sua locução acho ruim, pois faltam as gafes do locutor, que viraram mania.


Ultimamente ele vem teimando com Reginaldo Leme, mais está sempre errado. E a corrida?! Bem, a corrida foi praticamente só aquela disputa da primeira curva. Também na primeira volta, houve algumas trocas de posições. No mais, tivemos um foguinho logo após o primeiro abastecimento de Massa e um incrível erro da equipe BMW. Justamente com o melhor piloto do campeonato até agora, que não corre de Ferrari nem McLaren, Nick Haidfeld. Foi um erro patético. Teve também uma
rodada de Fisichella, que a TV não mostrou, e foi por essa que ele ficou atrás de Sato.


É por situações como essa da parada de reabastecimento, que a BMW vai ter que sofrer por um pouco mais para chegar ao topo. Mas que vai chegar, vai. O que é uma péssima notícia para a ala rica dos japoneses. Pois a Toyota e a Honda vêm nos demonstrando como é fácil gastar milhões e não andar na frente. No caso da Honda a coisa é ainda mais humilhante, pois sua equipe B, a Super Aguri, que conta com um orçamento infinitamente menor, conseguiu marcar um pontinho no
Campeonato, enquanto a Honda não.


Os destaques da etapa foram: Massa por ganhar, fazer a pole, liderar o maior número de voltas, fazer a volta mais rápida e principalmente não baixar a bola para o bi-campeão na disputa na primeira curva. Na seqüência vem Lewis Hamilton, que logo na temporada de estréia conseguiu ser o líder do campeonato, quatro corridas e quatro pódios. Em terceiro vem o melhor japonês que andou na
F-1, Takuma Sato. Ele foi o melhor da turma do fundão. E não podemos esquecer a performance de David Couthrard, que fez um ótimo e surpreendente quinto lugar, enquanto seu companheiro de equipe foi péssimo.


A F-1 demorou a ter um campeão alemão, mas quando este apareceu foi o maior recordista de todos. E pelo jeito Lewis vai seguir a escrita. Nunca houve um piloto negro na F-1, mas agora que surgiu tem tudo para ser outro grande ícone. Torço para que 2007 seja de Massa, mas daí pra frente... Temo muito o segundo piloto da McLaren. Segundo? Hoje ele é o líder do campeonato! E ainda não ganhou nenhuma prova. Seu companheiro de equipe, o bi-campeão Alonso, é o segundo na tabela.


Quem imaginaria no começo da temporada, uma McLaren liderando e com um piloto estreante? Uma McLaren que não ganhou nada em 2006. E a Renault, bicampeã, ocupando apenas a quarta colocação? O que dizer da vice de 2006, Ferrari, que mostra ter o melhor carro em performance, mas não o melhor em confiabilidade? Esse era o maior defeito das McLarens 2006, no entanto, agora se mostra como sua melhor qualidade. Os italianos precisam melhorar nesse quesito.


O final de semana passado foi ótimo para os pilotos brasileiros; Bruno Senna venceu uma etapa da GP 2 na Espanha, Lucas Di Gracci foi terceiro nas duas etapas. E o melhor, Helinho Castro Neves fez a pole para a tradicional e milionária 500 milhas de Indianápolis, ganhando 200 mil dólares pela conquista. O bom baiano, Tony Canaan foi segundo. Já Vitor Meira vai largar na 19ª posição. Nessa prova posição de largada não quer dizer muito, o importante é economizar o carro e estar na volta do líder nas últimas 50 voltas, com um carro inteiro para completá-las. E muita sorte para não se envolver nos vários acidentes que acontecem.