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COLUNA: BALEIA
Baleia


29/06/2007 - Sexta-Feira
XEQUE-MATE
 
Estamos vivendo um momento crucial no campeonato de F-1 dessa temporada. Acho que se a Ferrari se der mal na França e na Inglaterra, como a lógica indica, vai ser difícil uma reviravolta da equipe italiana. Apesar da diferença no orçamento, ainda acredito no poder de reversão dos italianos. E os resultados dos testes de Silverstone apontam para uma melhora dos vermelhos. Mas como dizia antes, se a dupla da McLaren se sair bem novamente, vai ser muito difícil para a Ferrari se reerguer.

Já no Canadá os ingleses declararam ter um novo pacote aerodinâmico para o GP da França. Mas para o bem do campeonato, torço para que as coisas funcionem para a Ferrari e comecem a dar errado para a McLaren. Porém, só agora os italianos estão correndo atrás da falta de competitividade e depois de Silverstone anunciaram também uma nova aerodinâmica. Até no anúncio de novidades os ingleses estão na frente. Eles também acreditavam que abririam uma boa vantagem para os ingleses, e assim não poderiam administrá-la até o fim da temporada.



Na área dos pilotos temos outra equação difícil de ser resolvida. Imagine você, duas equipes de ponta contratam dois pilotos novos e de grande calibre para serem seus primeiros pilotos. De um lado a McLaren, que teve o Ice Man mais ou menos que roubado de seu seio pelos italianos, e com salário de gente grande. Não restou uma saída honrosa para os ingleses a não ser a contratação do melhor piloto em atividade. Na opinião deles, é claro. Esse piloto era o bicampeão Fernando Alonso, que ganhou do alemão em duas temporadas seguidas.

E do alemão, o grande piloto da F1 na opinião de muitos. Alonso venceu Shummacher em 2005, quando este não tinha um bom carro e em 2006, quando o alemão foi traído por uma inesperada quebra de motor no Japão. (Psicologicamente, antes dessa quebra, ele já havia batido o espanhol). Com a contratação de Alonso, veio uma gana de capital espanhol. Vieram nesse embalo a Vodafone e o Santander, para não citar mais gente.

Do outro lado, figuravam como coadjuvantes Massa e Hamilton. E não é que esses dois roubaram a cena nas pistas? Hamilton é a maior incógnita que o circo já experimentou e Massa é Poe enquanto mais eficiente que Raikkonen. Desse modo, o mundo virou de cabeça para baixo no planeta F-1. Estamos vivendo a era dos segundos pilotos.

Frank Williams provou que não é preciso de um grande piloto para ser campeão, o negócio é tem um bom carro. E fez de Damon Hill e Jaques Villeneuve campeões. No entanto, essa temporada nos mostra que Sir Frank Williams poderia estar redondamente enganado. Mas não é bem assim. É só colocar Hamilton num carro ruim que ele não vai demonstrar tantas qualidades, e o nosso Massa já nos indicou isso quando andava de Sauber. Foi só montar na Ferrari que sua estrela começou a brilhar.

Realmente Frank Williams tinha uma certa parcela de razão. Hoje não é possível ver um bom piloto se sobressair numa equipe fraca. Mas vai explicar isso a um Senista roxo. Ele não aceita, e diz de peito cheio que com o Senna não era assim. Bem não são todos assim. Existem alguns que acompanharam a evolução da F-1 e sabem que hoje não existe este tipo de situação. Como também é impossível uma carreira como a de Piquet nas categorias de acesso.

Com a era de domínio do alemão e sua turma (Ross e Rory), as grandes equipes passaram a apostar mais no desenvolvimento dos carros. Sendo assim, Adrian Neiw, foi tão disputado como um piloto de ponta. Primeiro foi tirado da Williams a peso de ouro, para a época, pela McLaren. Então a McLaren começou a ganhar e a Williams começou a descer a ladeira. Depois veio a Jaguar que contratou o projetista por uma grande quantia. Entretanto, a McLaren interveio e fez valer seu contrato anterior, mas foi obrigada a aumentar os vencimentos de Neiw. E para terminar, foi tirado dos ingleses pela Red Bull. Só que nem Neiw consegue fazer milagres. Uma grande equipe não se faz somente com um grande projetista. É preciso uma ótima estrutura e também um bom piloto.

O gargalo da F-1 é muito grande. Sem um bom patrocinador não tem com furar esse gargalo. Estamos cansados de ver pilotos que se dão bem nas fórmulas de acesso e não triunfam na F-1. Como exemplo temos o nosso Pizzonia, que nas fórmulas de acesso tinha um índice de aproveitamento de mais de 80%. Já na F-1 entrou pela porta dos fundos como reserva da Williams e está em decadência. Mas só foi reserva lá, porque era apadrinhado da Petrobrás.

Há algumas maneiras de entrar no circo. Em primeiro lugar, com uma boa verba você compra uma vaga numa equipe fraca. Em segundo, mesmo tendo alguns patrocínios pessoais, o piloto assina um contrato ultraleonino com um grande chefe de equipe e vai ser piloto de testes, ou o contratante arruma uma vaga numa equipe fraca para o piloto amadurecer. E por último, o caso de Hamilton, que não era usado há tempos; apadrinha-se o piloto desde o Kart e financia-se sua carreira. A McLaren apadrinhou suas temporadas na F-Renault, na F-3 e na GP 2, sempre nas melhores equipes. E ele sempre correspondeu com títulos.

Algumas equipes têm um programa de desenvolvimento de pilotos. A Renault parece ser a mais séria neste tipo de ação. A McLaren apoiou o início da carreira de Heidfeld e ele foi campeão de F-3000 na McLaren Jr. no início dos anos 2000. Depois inexplicavelmente abandonou o piloto. Esse `inexplicavelmente´ tem a ver a relação da Sauber com a Mercedes e depois ter passado para o lado dos italianos. Nessa quem se deu bem foi Massa. No final a Sauber foi parar nas mãos da BMW, a maior rival da Mercedes, que foi quem patrocinou os primeiros passos do suíço na F-1. Nesse esporte não há ética ou fidelidade, é uma completa falta de caráter. Não poderia ser diferente, se lembramos que quem está por trás de tudo isso é o Verme. Não poderá ser diferente, enquanto ele e sua turma estiverem no comando.
 
 
   
 

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