Zezé Perrella esclarece a polêmica venda do jovem volante Zé Eduardo
02/09/2009 - 11:39 hs
Campeonato Brasileiro da Série A
venda dos direitos econômicos do volante Zé Eduardo, de 18 anos, ainda vai dar o que falar pelos lados da Toca da Raposa. Nesta terça-feira, Zezé Perrella (foto), presidente do Cruzeiro, tentou explicar a negociação do jogador com o agente que cuida dos interesses do atleta, por 500 mil euros. O dirigente acusa o empresário de dar dinheiro ao garoto para que ele não renovasse contrato com o clube mineiro e, assim, levá-lo sem custo algum para o exterior.
- Esse menino estava jogando nos profissionais, o Adilson gostava dele e nós o tiramos do time de cima porque estávamos servindo de vitrine para empresários. Desde o ano passado o Cruzeiro tenta renovar o contrato do garoto e ele não topa. O pai dele recebeu R$ 400 mil do empresário e comprou procuração. O cara para hoje para ser procurador - acusou o mandatário celeste, em entrevista ao site oficial do clube.
Então com 16 anos, Zé Eduardo foi lançado na equipe profissional do Cruzeiro em 2008, pelo técnico Adilson Batista. Destacou-se, foi campeão do Sul-Americano Sub-20 da Venezuela, no início de 2009, e passou a ser conhecido internacionalmente.
O contrato do atleta terminaria durante a janela de transferências internacionais que se encerrou na segunda-feira e, por isso, o Cruzeiro tentava renovar o compromisso de Zé Eduardo desde 2008. Mas encontrou muita resistência a um acordo.
O Cruzeiro corria enorme risco de perder o volante sem indenização alguma, mas conseguiu prorrogar o contrato de Zé Eduardo até novembro, já que a legislação o permite fazê-lo, levando em conta o tempo que o atleta serviu à seleção brasileira. A manobra só amenizou um pouco o prejuízo, porém não evitou a perda do volante.
- Quando nós conseguimos prorrogar, fechou-se a janela. Mas de qualquer forma nós perderíamos esse jogador. Nós pegamos agora 500 mil euros desse empresário, o mesmo que levou o Kerlon em circunstâncias bem parecidas - destacou o dirigente.
Zezé Perrella acredita que os Clubes não têm como se defender da ação dos agentes devido à legislação sobre os contratos dos atletas. O dirigente pede que seja revisto o prazo máximo de três anos de compromisso com jogadores de 16 anos de idade.
- O jogador só pode fazer o primeiro contrato com 16 anos e esse contrato só pode ser de três anos. O segundo pode ser de cinco. O menino faz um contrato com 16 anos e com 19 ele não é mais seu. Quando o menino está com 17 anos e meio, o empresário começa a dar dinheiro para o menino não renovar e roubar o jogador depois - detalhou.
Vem daí também o parcelamento dos jovens promissores em vários "donos". A exigência de parte dos direitos econômicos dos atletas é mais uma arma dos empresários. Diante disso, só resta aos clubes contar com a gratidão dos atletas para não ser passado para trás.
- O empresário vem e fala que, se não dermos 30% dos direitos do menino, não renova. É isso que está acontecendo. O Cruzeiro ainda perde pouco jogador assim porque ainda respeitam a camisa, a instituição. Mas se a legislação não mudar, estaremos nas mãos do empresário. Infelizmente estamos à mercê dessa turma, e a maioria uns crápulas - disse.
Zezé Perrella disse que 500 mil euros foi a máxima quantia que poderia conseguir diante das circunstâncias do negócio. E acrescentou que estaria disposto a pagar tal valor para manter Zé Eduardo na Toca da Raposa, mas que ele já estava com "a cabeça feita". O dirigente levará ao Clube dos 13 os nomes de empresários que assediam jovens atletas.
Pessoas que não têm compromisso nenhum com o Brasil vêm aqui e tiram jogadores. Vou fazer uma listinha com um desses aí para denunciar no Clube dos 13, porque está ficando complicado. O Clube não tem mais a gestão dos jogadores, tem das contas - concluiu.