O Corinthians fechou com o Grupo WTorre Engenharia, um dos mais respeitados no mercado imobiliário brasileiro, a construção de um estádio na Marginal Pinheiros, na Zona Sul de São Paulo. O projeto esboçado tem capacidade para 60 mil pessoas, camarotes de luxo e praça de alimentação.
O acordo foi articulado pelo conselheiro Edgar Soares, homem de confiança do presidente Alberto Dualib. Há meses ele vem negociando com Walter Torre Jr., presidente da construtora.
"Não posso dar detalhes. Só digo que conseguimos algo sério. O clube não resiste à outra idéia furada. O estádio sempre foi uma novela e virou gozação. Agora é sério, nunca vi uma coisa no Corinthians ficar guardada durante tanto tempo, as definições estão tomadas há seis meses", declarou o conselheiro.
As tratativas resultaram em uma proposta que Dualib levou para Londres, na Inglaterra, para tratar com Boris Berezovsky, Badri Patarkatsishvili e os demais investidores por trás de Kia Joorabchian. Uma das cláusulas do contrato de parceria obriga o clube a dar prioridade ao MSI na construção de uma arena.
Este é o único ponto que pode fazer com que o ambicioso projeto seja deixado de lado, na interminável lista de tentativas frustradas dos cartolas corintianos. Dualib, no entanto, considera prioridade a nova arena e deve jogar pesado na negociação.
Kia Joorabchian foi contatado sobre o projeto da WTorre Engenharia. No primeiro contato, há duas semanas, o chefe do MSI afirmou desconhecer a empresa. Na terça-feira, ele não foi localizado por sua assessoria.
Por outro lado, a WTorre nem cogita a idéia de se associar ao MSI. O Grupo WTorre Engenharia é conhecido pela agilidade na condução de seus projetos. A construção do estádio levaria no máximo dois anos, contados a partir da aprovação dos órgãos responsáveis.
Como retorno para o empreendimento, a empresa WTorre ganharia direito à participação nas bilheterias e na comercialização dos camarotes de luxo previstos. A média de bilheteria e as estimativas de público foram consideradas nos estudos. Na segunda-feira, Walter Torre Jr. encontrou-se com um arquiteto português especializado na construção de estádios para discutir seus planos.
O empreendimento vinha sendo tratado com sigilo absoluto por ambas as partes. A intenção do clube era, depois do aval do MSI, anunciar o projeto com um café da manhã em um luxuoso hotel de São Paulo. Até a possibilidade de convidar o time do Real Madrid (ESP) para o jogo de inauguração já foi cogitada.
Já o clima entre Dualib e Kia não é dos melhores há um bom tempo. Antes de viajar, o presidente do clube alvinegro havia acusado o MSI de não cumprir com suas obrigações financeiras e acenado com uma possível rescisão na Justiça, o que levaria o clube a uma arriscada batalha nos Tribunais.
Além de cobrar a suposta dívida, que o MSI nega, o cartola pede a demissão de Kia Joorabchian, a quem considera um inimigo. Quer também mudanças na forma como a parceria tem sido administrada.
Dualib e Kia são aguardados para quinta-feira em São Paulo. Com a chegada do presidente do clube, o meia Marcelinho Carioca e o diretor Edvar Simões, recém-contratados pelo clube, devem ser apresentados oficialmente.