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SEÇÃO: Outros Esportes
Maluhy quer surpreender favoritos Cacá e Losacco na reta final da Stock Car
03/11/2006 - 15:16 hs
Stock Car
 
No começo dos play-offs da atual temporada da Stock Car, todas as atenções estavam voltadas para Giuliano Losacco, atual bicampeão, e para o líder do campeonato, Cacá Bueno. Porém, Felipe Maluhy resolveu se intrometer nessa história e após a etapa da Argentina, assumiu a segunda colocação do campeonato.


O piloto virou a grande surpresa da categoria e já garantiu sua renovação por mais um ano com a equipe TerraAvallone, onde já desde o ano passado. Confiante de que conseguirá entrar para a história da categoria, Maluhy acredita que a sorte continuará ao seu lado nessa reta final.


Em entrevista ao Terra Esportes, o piloto fala sobre as dificuldades e a falta de apoio até de seus familiares no início da carreira, sobre o seu futuro no automobilismo e critica a forma como a mídia trata a categoria e os pilotos brasileiros.


Veja entrevista na íntegra:


Como você começou sua carreira? Por que decidiu virar piloto?

Meu pai corria de carro quando era pequeno, mais tarde correu de kart. Então, quando eu era criança, ia sempre ao kartódromo com ele. Como ele era amigo do Emerson Fittipaldi, José Carlos Pace, desde a infância eu já olhava os grandes pilotos e comecei a ter essa paixão por automobilismo e pelas corridas.


Quais as principais dificuldades que você encontrou no começo?

Em primeiro lugar conseguir patrocínios para me sustentar nessa carreira, porque depende muito de dinheiro. Mas a principal dificuldade mesmo é em ter um desempenho sempre regular para se manter como piloto em qualquer categoria, até porque você precisa dar uma resposta para esses patrocinadores que te sustentam.


Por que a escolha por competir na Stock Car e como apareceu a oportunidade de entrar na categoria?

Eu estava voltando ao Brasil, em 1999 (após disputar o Campeonato Inglês de Fórmula Palmer Audi), e era uma época muito complicada, por causa da desvalorização do real. A única categoria que parecia ter um futuro competitivo no País e que mostrava uma evolução a cada ano era a Stock Car. Apareceu a oportunidade de entrar na categoria em 2001 e eu resolvi tentar. Desde 2005, estou na equipe TerraAvallone.


O que você faz nas horas vagas? Fica ligado em outras categorias do automobilismo ou não consegue nem ver um carro por perto?

Eu me interesso sim pelas outras categorias, assisto tudo relacionado ao automobilismo. Na verdade é tudo um negócio só, procuro me focar o máximo possível. Mesmo em semanas que não tem corridas, você tem que ficar arrumando os detalhes no carro, comparecer aos eventos com patrocinadores, que você tem de cumprir. É um trabalho de 24 horas, você nunca pára.


Antes do play-off da Stock Car, os favoritos eram Cacá Bueno e Giuliano Losacco. Mas com o andamento do campeonato você se intrometeu no meio dos dois e tem grandes chances de vencer a temporada. A que você atribui essa sua evolução?

Eu e a equipe tínhamos um objetivo importante nesta temporada que era entrar nos play-offs. A equipe e os patrocinadores sempre deram o máximo para garantir a nossa participação nessa fase final. Com o primeiro objetivo alcançado, a gente mudou a estratégia e começou a pensar na luta pelo campeonato. Até agora a equipe está muito bem e tem dado tudo certo. O acerto do carro está excelente, mas ainda temos que evoluir.


Como fazer para vencer os dois pilotos, que nos últimos anos vêm dominando a categoria?

Temos que continuar com essa estratégia agressiva e que vem dando resultado. Mas também temos que contar com um pouco de sorte. Vai depender de algumas quebras dos dois, uns tempos bons feitos nos treinos e o acerto do nosso carro. Temos que ter sorte como tivemos na Argentina.


Quem você acha que vai te dar mais trabalho para conquistar o inédito título: Cacá ou Losacco?

Para mim é indiferente na verdade. Os dois pilotos são muito agressivos, mas sempre se mostraram limpos na pista. Com certeza são os dois pilotos mais difíceis de derrotar nesse campeonato, mas não tenho preferência por nenhum dos dois.


No começo do ano, a grande expectativa era que o Christian Fittipaldi fosse o principal nome da equipe TerraAvallone, devido à experiência dele por diversas categorias como Fórmula 1 e Nascar, e você viria em seguida. Mas você surpreendeu. O que você tem para falar dessa temporada e sobre a renovação com a equipe?

Este era o segundo ano que estava na equipe com ele. O Christian teve algumas infelicidades de quebra durante este ano, e também tinha o acerto na categoria Grand-Am, nos Estados Unidos, entre uma série de fatores que complicaram a situação dele. Isso abriu espaço para eu aparecer e me destacar na equipe. A renovação é a mostra de que estou fazendo um bom trabalho. A gente tem se mostrado evolutivo a cada prova. Essa interação com toda a equipe é muito importante. Espero que isso continue no ano que vem.


Qual seu grande ídolo no automobilismo? Em quem você se inspira na categoria?

Na verdade eu não me inspiro em ninguém na categoria. Eu sempre admirei muito os pilotos brasileiros que competiam na Fórmula 1. Se tivesse que escolher alguns ídolos, diria que Emerson Fittipaldi e Nelson Piquet.


O Losacco fez corridas por categorias de base da Nascar neste ano. Você pensa em seguir este caminho também? Ir disputar uma Nascar ou o Campeonato Alemão de Turismo, que já tem grandes pilotos como o Hakkinen e que pode ter o Schumacher no futuro...

Por enquanto eu estou focado em ficar aqui e ser cada vez mais competitivo na Stock Car. Lógico se houver uma oportunidade, algum dia, eu vou estudar e ver o que é melhor para mim. Mas não quero pensar nisso agora.


E ir para categorias como a A1GP, IRL, Fórmula 1, também passa pela sua cabeça?

Como disse, meu momento é voltar todas as atenções para a Stock. Mas se tivesse que sair da categoria, continuaria competindo em carros de turismo, acho que não iria disputar essas categorias.


Muitos analisam a situação do automobilismo nacional pela situação dos brasileiros da Fórmula 1. Mas há grandes pilotos brasileiros fazendo sucesso mundialmente como o Hélio Castroneves, Tony Kanaan, Bruno Senna, Nelsinho Piquet, entre outros. Você acha que há preconceito com os pilotos brasileiros?

Não, existe uma falta de informação da mídia. Eles avaliam o piloto somente quando ele ganha e a vitória não é uma coisa fácil. Tem muitos pilotos brasileiros bons espalhados pelo mundo e que tem grande sucesso lá fora, mas não são reconhecidos aqui no Brasil. A gente não pode só pensar em Ayrton Senna, porque dificilmente vai aparecer outro como ele para representar o País.


Falando em críticas a brasileiros, o que você tem a falar sobre o Rubens Barrichello, que é alvo constante da mídia e de grande parte dos brasileiros?

É o que eu falei, há um descrédito por parte da mídia. Eu acho que poderiam abranger outros assuntos com ele, sem usar de ironia e sarcasmo. Ele é um excelente piloto e durante a época que estava na Ferrari sempre andou muito próximo do Schumacher. Lá fora ele é muito reconhecido e aqui no Brasil sofre essas brincadeiras. O Felipe Massa é a mesma coisa. Um piloto muito bom e que, assim como o Rubinho, competiu sempre próximo do piloto alemão.


Voltando para a Stock Car. Você acha que a categoria ainda sofre um pouco de descrédito, que não tem o reconhecimento merecido?

Eu acho que nunca teve um descrédito. Hoje, como uma evolução natural da categoria, a Stock Car é uma opção para muitos pilotos brasileiros. Ela tem uma série de fatores positivos: a parte promocional é excelente, uma média de público maior que do Campeonato Brasileiro, o nível da categoria é muito bom, a categoria mais disputada no mundo. A proximidade dos tempos é infinitamente mais apertada. Para se ter uma idéia, 30 carros fazem tempos com a diferença de apenas um segundo. Os pilotos são todos profissionais da melhor qualidade.


Você teme acontecer algum acidente contigo, como o que ocorreu com o Gualter Salles, no último fim-de-semana?

Eu não gosto de pensar nisso. Quando começo, paro de pensar. Mas é bom lembrar que nunca teve um acidente desta proporção na Stock Car. Teve um em 2001, outro em 2003, mas nada sério. É um risco que se corre.


Seus pais, família, o que acham de você disputar corridas? Eles apóiam, temem que aconteça algo com você?

Nunca tive apoio da minha família, eles sempre foram contra eu participar de corridas de carros. Eles se preocupam com os acidentes, mas não costumam cobrar. Meu pai vai com freqüência no autódromo para me ajudar, minha mãe não costuma freqüentar as corridas.


Quais são as piores e as melhores coisas de ser um piloto de uma categoria importante como a Stock Car?

A melhor coisa é o fato de que quando você corre bem, você costuma terminar entre os primeiros. O carro não é o fator principal, como é visto em outras categorias como a Fórmula 1. Lá, quando você está em uma equipe mediana, dificilmente você vai correr entre os primeiros. O trabalho na Stock Car depende muito do seu desempenho e do seu engenheiro. Como ponto negativo, eu acho que a gente poderia ter um pouco mais de espaço na mídia, devido à proporção do nosso evento, do grande número de patrocinadores e de tudo que gira em volta da categoria.

 
Fonte: www.terra.com.br
 
 

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