O jornal português Record elegeu o técnico Luiz Felipe Scolari como a personalidade do ano no país. O treinador recebeu o prêmio das mãos de Artur Agostinho, que dá nome à homenagem. “Agradeço do fundo do coração este prêmio. Sei que representa o reconhecimento não do meu trabalho, mas o de todos os homens da seleção no Mundial”, disse o brasileiro, que comandou a seleção lusa ao quatro lugar na Copa do Mundo da Alemanha.
O treinador tem contrato com a Federação Portuguesa de Futebol até o fim da Eurocopa de 2008 e reconhece que é muito difícil permanecer na seleção depois disso. “Tudo tem um tempo. Pela minha experiência, digo que ainda estamos dentro desse tempo limite de trabalho, que vai até cinco ou seis anos. Depois, as coisas ficam mais difíceis até porque começam a criar-se hábitos e vínculos com os jogadores, que podem levar as coisas a deixar de funcionar como deve ser. Por isso será lógico e natural que no final da Euro chegue ao fim a minha ligação com a seleção', disse.
Sobre o seu próximo destino, o técnico vê várias possibilidades. Mas prioriza continuar na Europa. “Agora não penso em clubes, mas não sei o que vai acontecer. Posso ficar aqui, ir para outro país europeu, regressar ao Brasil, não sei. Provavelmente, vou ter um vínculo pessoal com Portugal, porque o meu filho mais velho está para finalizar o curso de Direito, tem o estágio para fazer e ele vai ficar em Portugal. Como sou uma pessoa que gosta de ficar perto da família, pode ser que, se não ficar em Portugal, me mantenha pela Europa”, afirmou Scolari, que confessou ser mais provável treinar um clube a uma seleção.
Na mesma entrevista, o gaúcho confessou que esteve muito próximo de um acerto com o Benfica em 2004. Dois anos depois, ele foi dado como certo para substituir Sven-Goran Eriksson no comando da seleção inglesa antes da Copa do Mundo, mas optou por recusar, em virtude do compromisso assumido com Portugal para o Mundial da Alemanha.
Felipão falou também sobre a possibilidade de convocar o zagueiro brasileiro Pepe, do Porto, que está tirando a cidadania portuguesa. “No caso do Pepe, o que muita gente quer é, mais uma vez, confusão. Eu não tenho de fazer juízos políticos, tenho apenas de chamar qualquer jogador que tenha a nacionalidade portuguesa”, comentou.
O treinador vê perseguição de parte da imprensa quando decide chamar compatriotas, com foi o caso do Deco. “O Pepe, e falo nele porque é motivo de conversas agora, é tão português como o Nélson, do Benfica, que nasceu em Cabo Verde, mas ninguém questionou quando o chamei”, exemplifica.
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