Nas últimas duas edições da Corrida de São Silvestre, Lucélia Peres passou mal logo depois de cruzar a linha de chegada e teve de ser atendida por médicos. Vice-campeã em 2004 e quarta colocada em 2005, foi a brasileira mais bem colocada em ambas as disputas, mas sofreu com o calor de São Paulo.
Neste ano, a mineira, 25 anos, espera que o final da prova seja ligeiramente diferente. Embora não se importe em voltar a receber cuidados médicos antes de subir ao pódio, ela sonha com medalha, coroa e todos os outros prêmios a que tiver direito no degrau mais alto.
O cenário é melhor do que nos anos anteriores para Lucélia, vencedora do circuito nacional de provas de meio-fundo e fundo, líder do ranking nacional dos 5 mil e 10 mil metros e tricampeã da Volta da Pampulha. Além disso, conta com as ausências da atual campeã, a sérvia Olivera Jetic, da queniana Rose Cheriyot e da etíope Zizunish Bekele.
Terra - A São Silvestre é um sonho para você?
Lucélia Peres - É, sim. Tem uma magia especial. É uma prova no fim do ano, às 14h, em condições complicadas, e há as quenianas para superar. Todo atleta sonha ganhar a São Silvestre.
Terra - Nos últimos dois anos, você teve que receber atendimento médico após a corrida. Por que ficou tão desgastada?
Lucélia Peres - A gente fica bastante cansada. Corremos sob o sol das 14h e um calor muito forte, com a sensação térmica ainda maior. Eu sinto dificuldade para correr em São Paulo, mas espero superar isso.
Terra - Pensa em chegar novamente esgotada na linha de chegada, se for preciso?
Lucélia Peres - Se for necessário... É uma característica minha entrar para competir forte, chegando, muitas vezes, ao limite do suportável. Eu treino para competir em provas duríssimas e estou preparada para a corrida de domingo.
Terra - Quais são suas chances de vitória?
Lucélia Peres - As expectativas são boas. A temporada foi das melhores, consegui minhas melhores marcas e estou bem preparada. Mesmo assim, não corro com o peso do favoritismo, até porque grandes atletas vão participar, e vou para fazer o meu melhor.
Terra - Com a ausência da atual campeã, Olivera Jetvic, a briga vai ficar entre as brasileiras?
Lucélia Peres - Não. As duas quenianas (Pamela Bundotich e Jane Kibii) têm resultados muito bons e estão na briga também. O Quênia não costuma mandar atletas ruins, e elas vão disputar as primeiras posições com as brasileiras.
Terra - Qual a parte do percurso que mais preocupa?
Lucélia Peres - Preciso tomar cuidado na largada, porque a seqüência já é a descida da Consolação. Se descer muito forte, acaba sentindo depois. Você acaba se desgastando nas freadas e precisa dosar bem.
Terra - A subida da Av. Brigadeiro Luis Antônio é o local onde a prova acaba sendo decidida?
Lucélia Peres - Nunca competi com boa parte das atletas que estarão nesta São Silvestre, então não sei exatamente como elas vão correr. Nos últimos anos, realmente a Brigadeiro foi decisiva.
Terra - No começo do ano, você vislumbrava a possibilidade de uma grande temporada. Os objetivos foram atingidos?
Lucélia Peres - 100%. Ou melhor, só falta a São Silvestre. Obtive as marcas que me propus a fazer, consegui bons resultados. A temporada foi maravilhosa, a melhor.
Terra - Para o ano que vem, o foco são os Jogos Pan-Americanos?
Lucélia Peres - Sim, 2007 é Pan. Devo correr em Cuiabá, depois descansar um tempo e focar a competição no Rio de Janeiro.