Pelé sugere alterações na Lei, mas volta a atacar dirigentes
05/02/2007 - 15:23 hs
Alterações na Lei Pelé
Criador a co-autor da Lei que leva seu nome, Pelé defendeu mudanças na polêmica legislação que mudou os rumos do futebol brasileiro. Na noite deste domingo, durante participação no programa Mesa Redonda na TV Gazeta, o Rei de Futebol voltou a atacar os dirigentes do futebol brasileiro, considerou o passe inconstitucional e garante que os clubes já estavam falidos antes mesmo da lei entrar em vigor.
“A Lei é uma polêmica que tem de ser esclarecida. Eu às vezes fico surpreso e com pena de alguns dirigentes brasileiros pela falta de conhecimento. Eu achei que o jogador brasileiro tinha de ser como qualquer profissional, com direito de ir e vir. Por que o jogador tem de ser um escravo? E isso era uma coisa que nos implantamos quando nem existia mais. O passe é inconstitucional e qualquer atleta que entrasse na Justiça ia ganhar”, revelou.
O Rei revelou os princípios da Lei Pelé, quando de fato ela começou a ser discutida e elaborada, buscando uma maior fonte de receitas aos clubes. “A nossa lei, a Lei Pelé, era para ser um acerto da Lei Zico. A Lei Zico não permitia que nenhuma empresa de fora controlasse mais de 51% dos clubes brasileiros. Nós entendemos que era importante renovar isso. Até porque senão nenhuma grande firma iria investir no Brasil”, disse.
“Tudo o que eu tenho veio do futebol e eu quero o melhor para ele. A lei precisa e deve sim ser revista. Mas a verdade é que os clubes já estavam falidos antes da lei. O Cruzeiro foi um dos poucos clubes que aproveitou o dinheiro do investimento externo. Se os outros também tivessem aproveitado, os clubes brasileiros talvez seriam maiores que os da Europa”, completou o Rei.
O maior jogador de futebol da história não esconde a frustração pelas constantes alterações realizadas na Lei Pelé antes de sua aprovação no Congresso. “O que não deveriam é deixar mexer na lei. Um dos projetos previa a obrigatoriedade dos clubes prestarem contas. Isso evitaria muitos problemas. Onde foi parar o dinheiro que o Vasco recebeu da Nations Banks (em 1998), o acordo entre Flamengo e a ISL, Hicks Muse e Corinthians”, justificou.
Pelé respondeu até as críticas diretas pelo constante êxodo de jogadores brasileiros para o exterior. Segundo o Rei, a situação não é inédita, proporcionada exclusivamente pela lei. “Antes da Lei Pelé já havia uma saída de jogadores para a Europa. Na minha época mesmo eu posso citar uns 20 nomes que saíram daqui. O que os clubes têm de fazer é buscar reposição no interior”, sugeriu.
Novas promessas
Grêmio Barueri, Guaratinguetá, Rio Claro e Sertãozinho. Seguindo os passos dos quatro caçulas do atual Campeonato Paulista, em breve uma nova equipe deve estar ganhando destaque no futebol de São Paulo. Aliás, o time sequer precisará subir divisões para chamar a atenção. Tudo por causa de seu coordenador. Novo projeto de Pelé, o Litoral Futebol Clube retoma o antigo sonho do Rei em trabalhar com categorias de base e promete dar à Baixada Santista mais um clube de expressão.
“Eu já recebi várias propostas para virar supervisor, treinador, de um monte de equipes ao redor do mundo. Mas todo mundo sabe que se eu trabalhar com o futebol, é só com a categoria infantil, juvenil, com eu fiz diversas vezes com o Santos”, assegurou o Rei, durante participação no programa Mesa Redonda da TV Gazeta.
Foi Pelé quem lançou nomes como Robinho e Diego no Santos, em 1999, e a meta do rei é repetir o feito em seu novo projeto. O Litoral já participa de alguns campeonatos de base da Federação Paulista de Futebol (FPF), mas o projeto prevê uma parceria para pular degraus e ajudar um velho amigo do maior jogador de futebol da história.
“A gente vai fazer uma parceria com o Jabaquara (clube de Santos). Eles estão mal financeiramente e nós vamos pagar para utilizar suas instalações. Podemos até usar a camisa emprestada também, vamos ver”, destacou Pelé, que conta com a ajuda do filho Edinho, recentemente liberado da prisão, na comissão técnica do Litoral F.C.