Argentina perde posto de rival do Brasil para Cuba
24/07/2007 - 09:08 hs
Pan-americano
A tradicional rivalidade entre Brasil e Argentina ganhou concorrência nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro. Se no futebol, ganhar dos "hermanos" é como vencer final de Copa do Mundo, no Pan e em disputas olímpicas, os cubanos são os grandes rivais do Brasil. (foto)
Cada confronto contra os caribenhos mobiliza torcidas apaixonadas, que às vezes extrapolam, como aconteceu no domingo, na disputa do ouro da categoria meio-médio feminina do judô, no Riocentro. Após decisão polêmica da comissão de arbitragem que levou à vitória da cubana Sheila Espinosa e tirou o ouro da brasileira Érika Miranda, o público reagiu e houve pancadaria na tribuna reservada a governantes e dirigentes.
"A rivalidade sempre existiu, mas acredito que por estarmos disputando muitas finais neste Pan, além do segundo lugar no ranking geral de medalhas, ela aumentou ainda mais", disse Espinosa.
O CO-Rio cancelou nesta segunda as credenciais de dois dirigentes brasileiros presentes na tribuna de honra e identificados como pivôs da confusão: os presidentes das federações de judô do Maranhão, Francisco Neto, e do Ceará, Eduardo Costa. Além disso, eles estão proibidos de participar de competições e eventos oficiais do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) durante os próximos quatro anos, o que inclui os Jogos Pan-Americanos de Guadalajara-2011.
O ex-judoca Aurélio Miguel, que assistia às provas no mesmo local, afirma que viu Eduardo jogar uma revista em cima do técnico cubano Ronaldo Veitia, e Francisco provocar dirigentes e atletas cubanos. "Os cubanos ficaram indignados e partiram para cima dos dois dirigentes", contou Aurélio, que tentou apartar a briga.
O presidente da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), Paulo Wanderley Teixeira, considerou as punições injustas. "Eles não foram os únicos envolvidos e vão pagar sozinhos pela confusão", defende Paulo. De acordo com a apuração da CBJ, a atitude dos dirigentes foi de apaziguar a briga, e não estimular a confusão.
Os presidentes da federação do Ceará e do Maranhão serão julgados pelo Tribunal de Justiça da confederação. Caso eles sejam absolvidos, a entidade vai pedir que o COB reavalie as punições.
Na segunda-feira, durante a semifinal de basquete feminino contra as cubanas, a torcida brasileira ainda estava engasgada com a derrota da judoca brasileira e da Seleção feminina de vôlei na quinta-feira. "Depois do que eles fizeram com as meninas do vôlei e a palhaçada no judô, quero ter o gostinho especial de ver o Brasil destruindo Cuba", comentou a comerciante Cátia Cristina Ribeiro, 38 anos. A torcida foi à forra na vitória por 79 a 60.
A ex-jogadora Hortência conta que os jogos contra o país de Fidel costumam ser tensos. "As cubanas são nossas tradicionais adversárias em vários esportes. Elas jogam sempre duro, e o nervosismo fica à flor da pele nos dois lados", explicou.
O prefeito do Rio de Janeiro César Maia criticou ontem a demora da ação dos agentes da Força Nacional nos tumultos do fim de semana. A Secretaria Nacional de Segurança Pública informou que o esquema prevê agentes próximos à quadra e à tribuna de honra, onde ocorreram os incidentes, e que o policiamento varia de acordo com o grau de rivalidade e a estimativa de público.
Nesta terça, o Brasil enfrenta novamente os rivais cubanos no futsal e no vôlei masculino, além de duas provas de lutas.