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SEÇÃO: Futebol no Mundo
Copa Gay quer combater discriminação no futebol
25/09/2007 - 08:00 hs
Copa Gay
 
Com a participação de equipes de 14 países - o Brasil não está entre eles -, a edição deste ano da Copa do Mundo de Futebol de Gays e Lésbicas começou a ser disputada nesta segunda-feira em Buenos Aires (Foto).

Segundo afirmou um dos organizadores do torneio, Marcelo Suntheim, 39 anos, da organização não-governamental CHA, na competição realizada na capital argentina os jogadores não precisam temer o "machismo" e a "discriminação".

"A importância desta Copa é que podemos nos mostrar e dizer publicamente: 'sim, somos gays, somos lésbicas'".

Para Suntheim, o futebol clássico impede que os homossexuais se assumam, principalmente na América do Sul.

"O preço é muito alto. Imagine as piadas e provocações? O mundo ainda é muito machista. Mas temos esperanças de que aos poucos, com educação, com essa Copa e combatendo a homofobia, vai mudando", disse.

Abertura

É a primeira vez que este Mundial, que existe há mais de dez anos, é realizado na América Latina.

Para Suntheim, a capital argentina foi escolhida por ter sido a primeira cidade da região a aprovar, no ano 2000, a união civil entre pessoas do mesmo sexo.

Uma prova, entende, de que a sociedade argentina tem "grande abertura" para o assunto.

Apesar disso, não existem times de lésbicas entre os 14 países que participam das competições, cuja final está marcada para este sábado.

"Faltou patrocinador para elas. Mais um motivo para termos certeza de que as lésbicas sofrem mais com a discriminação do que os gays", disse.

Partidas

As partidas começaram, nesta segunda-feira, com até seis jogos simultâneos, com cerca de 28 disputas por dia.

Os times incluem homossexuais e também heterossexuais, segundo Suntheim. O Brasil não participa das competições.

Não existem eliminatórias para competir nesta Copa, onde muitos pagam passagem e hotel do próprio bolso.

Também não há limites de seleções por países. A Argentina, por exemplo, conta com quatro times, e eles venceram todas as partidas na estréia, nesta segunda-feira, no Parque Sarmiento, a meia hora do centro de Buenos Aires.

Os Estados Unidos disputam com o maior número de times, nove.

Espaço

Num dia ensolarado, muitos jogadores participavam pela primeira vez de uma Copa. "Nós estamos aqui graças à nossa presidente, Michelle Bachelet, que nos apóia", disse o chileno Ricardo León, 25 anos, presidente do Chile Gay Deportes.

"O governo dela nos deu passagens, uniformes e estada em hotel", contou. León afirmou estar ciente de que existe discriminação contra os jogadores gays. Mas ressaltou: "Aqui, o espaço é nosso. E nos sentimos ótimos", completou.

Um dos jogadores do time Florida Storm, dos Estados Unidos, que se identificou apenas como Jack, concordou. Disse ainda que este Mundial é uma oportunidade para ver de perto como jogam os latinos em terra própria.

"Muitos devem pensar que somos diferentes porque somos de equipes gays. Mas gostamos de jogar futebol tanto quanto os outros jogadores", afirmou.

Avanço

Suntheim lembrou de pelo menos um episódio de discriminação contra homossexuais no futebol. Há cerca de dois anos, recordou, um técnico de futebol da seleção argentina disse que não aceitava homossexuais em sua equipe.

"Imagine o que pode acontecer se um jogador de um time importante disser: sou gay?", questiona.

Mas ele acha que o apoio da AFA (Associação de Futebol Argentino) à realização desta Copa já foi um "grande avanço".

Segundo Suntheim, a Copa de Futebol Gay e Lésbicas não é "sectária" e está atraindo para a platéia as mulheres dos jogadores heterosexuais que participam das competições, além de curiosos.

Na platéia, no Parque Sarmiento, o cabeleireiro Oscar Barbieri assistiu às partidas com os filhos pequenos. "Adoro futebol, e somos todos iguais", disse.

 
Fonte: www.terra.com.br
 
 

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