Cinco vitórias em cinco jogos. Nenhum set perdido. Um máximo de 20 pontos tomados por etapa na competição. Foi com este massacre que a seleção brasileira feminina de vôlei (foto) conquistou o título do Campeonato Sul-americano, encerrado neste último domingo, em Santiago. Com a campanha, a equipe nacional garantiu uma vaga na Copa do Mundo e pode terminar o ano classificada para as Olimpíadas de Pequim.
Favoritíssimas ao título, as brasileiras admitem que as partidas no Chile se tornaram praticamente treinamentos com público. “Já imaginávamos que não seria um campeonato muito difícil, apesar de os países sul-americanos estarem evoluindo. Tivemos um pouco mais de dificuldade na final contra o Peru, mas aproveitamos tudo como treinamento mesmo”, admite a capitã e levantadora Fofão.
Sem muito esforço desprendido durante as partidas, a rotina realizada no Centro de Treinamento de Saquarema foi pouco alterada. “Não deixamos de treinar no Chile. Continuamos a fazer nosso trabalho de força, por exemplo”, relatou Fofão. “A única coisa que mudou (com relação a Saquarema) é que jogávamos na parte da tarde. Mas o ritmo mesmo de treino continuou o mesmo”, emendou.
Apesar da facilidade, as atletas ressaltam que todos os adversários foram encarados com seriedade e nem as vitórias esmagadoras farão com que o Brasil perca o foco na briga por uma das três vagas olímpicas que serão distribuídas no Japão. É o que diz a oposto Sheilla, por exemplo. “Fomos lá para ganhar tudo porque este é o primeiro passo para as Olimpíadas. Não tem como relaxar”, garante.
De volta à equipe depois da folga durante do Grand Prix, a central Walewska até vê um lado positivo em fazer partidas contra adversários frágeis. “Apesar de eles não terem oferecido resistência ao nosso jogo, são situações novas, com times com características diferentes. Isso serve de aprendizado. Quando jogamos contra a gente mesmo é só uma característica”, destaca.
“A gente sabe que o nível do Sul-Americano está muito abaixo da Copa do Mundo. Temos muito a melhorar ainda para estar competindo com as melhores equipes do mundo”, continua a experiente meio de rede. “Temos um longo caminho para percorrer até as Olimpíadas e cada uma tem na cabeça que até lá haverá muito trabalho e sacrifício. De maneira nenhuma saímos relaxadas”, garante.
O receio de um resultado inesperado foi um dos fatores que motivaram as brasileiras, atuais vice-campeãs mundiais. “Os jogos não foram difíceis, mas é sempre uma responsabilidade. Se perdêssemos, o negócio iria ficar feio para o nosso lado”, reconhece a ponteira Natália. “Quando o jogo é muito fácil, a gente relaxa e tudo pode dar errado. É um risco que a gente corria, mas o fundamental é que entramos sempre com seriedade e jogando bem”, explica Fofão.
O técnico José Roberto Guimarães, por sua vez, já começa a visualizar o final de tamanha facilidade das brasileiras em torneios continentais – vale lembrar que a equipe verde-amarela ganhou as últimas seis edições do Sul-americano. “Ainda está abaixo, apesar de as peruanas estarem em processo de crescimento. Vi também disposição no Chile, além de a Venezuela estar fazendo investimentos nas categorias de base. Acredito que a tendência seja o vôlei sul-americano evoluir bastante nos próximos anos”, analisa.
Para a jovem Natália, o Sul-americano ainda foi importante por outro aspecto. “Foi um campeonato legal para recuperar até mesmo a auto-estima e a segurança do nosso time”, reconhece. Este ano, o Brasil ficou em quinto lugar no Grand Prix, depois de vencer a competição em 2004, 2005 e 2006, além de ter perdido a final dos Jogos Pan-americanos para Cuba.