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SEÇÃO: Camp. Estaduais
MOURA MIRANDA FRENTE A FRENTE
10/10/2007 - 10:00 hs
OLHA A PAMONHA
 
Todos os dias, de segunda a sexta-feira, entre 15 e 16 horas passa em frente à Prefeitura Municipal, na Avenida Dom Luiz Santana, um vendedor de pamonhas, Nestes dias de sol causticante, ele vem dos lados da Rua Onofre da Cunha Rezende, empurrando o seu carrinho com a caixa contendo os derivados do milho e gritando insistentemente a oferta do seu produto: “olha a pamonha, olha a pamonha fresquinha e deliciosa”. Todos os barnabés municipais já se acostumaram com os seus gritos diários, que para muitos é também sinal que à hora de deixar o serviço está chegando.

Para mim, este vendedor de pamonhas, que não conheço a não ser pela voz e de ver passar empurrando o seu carrinho, não seria diferente dos demais pamonheiros que existem na cidade, se não fosse por um detalhe. O jovem é um apaixonado torcedor do “glorioso” Uberaba Sport Club. Quando o seu clube do coração consegue uma vitória no final de semana, de segunda a sexta-feira o seu grito de “ooolha a pamooonha” é muito mais forte. Quase um “explode coração colorado”. Com outro detalhe: ele trabalha todos os dias com uma vistosa camisa colorada. E não é uma camisa pirata não, é oficial, destas que custam mais de R$ 50,00, valor este que para meu pensamento preconceituoso deve ter peso bastante significativo no seu orçamento financeiro.

Se estão pensando que ele vende suas pamonhas a semana toda com a mesma camisa colorada estão enganados. São várias. A de segunda-feira, logo após a vitória, normalmente é uma destas atuais comemorativas aos 90 anos do alvirrubro de BP. Na terça-feira é uma do mesmo modelo, mas de cor branca. Na quarta-feira é uma daquelas anteriores ainda com o patrocínio do Arroz do Padre na cor vermelha. Na quinta-feira, ele usa uma branca, da mesma época; e, na sexta-feira, o garoto fecha a semana com uma colorada da conquista da Série B, de 2003.

Estes detalhes chamaram a minha atenção e de outros colegas jornalistas, sempre que ouvimos o grito de: “olha a pamonha”. Discutimos o quanto o futebol é importante na vida das pessoas e em especial daquelas mais comuns. É prazeroso ver aquele garoto trabalhar em um serviço cansativo, satisfeito e feliz a semana toda porque o seu clube do coração obteve uma boa vitória no final de semana. Por outro lado, nas semanas de derrotas do colorado o seu grito é quase um lamento e provavelmente não chama tanta à atenção da freguesia da pamonha.

Não resta a menor dúvida que a torcida (foto) é o maior patrimônio de um clube de futebol e por menor que ela seja merece ser respeitada em todos os sentidos pelos dirigentes e atletas. Não importa se ela é composta de pamonheiro, fazendeiro, engenheiro, servente de pedreiro, banqueiro e etc. O torcedor é a razão de ser do futebol e em um estádio você encontra gente de todos os tipos e para todos os gostos. Sábado, no Parque do Sabiá, a “galera” só fez a festa antes de a bola rolar. Diga-se de passagem uma bonita festa com faixas, bandeiras e uma nuvem de fumaça vermelha, que encobriu o gramado quando o time entrou em campo. Logo a seguir, aconteceu o desconcertante drible do Rena, que de uma só vez tirou Júlio César e Paulo César da jogada e colocou a bola no fundo da rede. Para azar da torcida colorada, bem debaixo de seus olhos.

Penso que se o Uberaba chegar a final da Taça Minas Gerais, ele terá muito a agradecer ao atacante uberlandense Rena. A sua atuação no sábado e os três golaços que fez abriu os olhos da diretoria do Uberaba que fez a única coisa que teria para fazer. Dispensou o Célio Costa e colocou o Paulo Luciano no seu lugar. Uma mudança tão previsível, como foram imprevisíveis a do treinador no sábado, que de última hora tirou o centro-avante da escalação para colocar um zagueiro e no intervalo do jogo com o time perdendo de 2 a 0 tirou outro atacante e colocou outra zagueiro. Coisas ridículas.

Com Paulo Luciano no comando, o colorado tem chance de chegar à decisão da Taça Minas Gerais e a uma das competições da CBF em 2008. Que se prepare o Ituiutaba. Ontem, apesar do vexame de sábado, o pamonheiro já estava com a voz mais forte e provavelmente a sua coleção de camisas oficiais está passadinha na gaveta do armário esperando chegar à próxima semana para serem usadas.


Moura Miranda é jornalista, narrador esportivo e Chefe da Equipe de Esportes da Rádio Sete Colinas.
mouramiranda10@hotmail.com
 
 
 

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