"Aquele que professa ou ensina uma ciência, uma arte, uma técnica, uma disciplina". Esta é a definição do dicionário Aurélio para professor, profissional que tem o 15 de outubro como data comemorativa. Por que não um dia para homenagear também os treinadores de futebol? Ao menos na visão de alguns jogadores, eles são especialistas em pregar disciplina e impressionam pelo conhecimento nas preleções.
De acordo com o técnico do Flamengo, Joel Santana, é válida a comemoração nesta segunda-feira. No entanto, nem todos os treinadores têm legitimidade para festejar.
- Posso me gabar do dia de hoje porque sou professor. Tenho diploma de bacharel em Educação Física pela UFRJ. Aliás, só fui ter aulas sobre futebol no penúltimo período da faculdade. Antes disso, tive que estudar outras matérias também importantes na nossa atividade de treinador- lembra.
Diferentemente de Joel, Abel Braga prefere ser chamado pelo nome. Não reprime os jogadores que o chamam de professor. Mas sempre que tem oportunidade, esclarece que a bagagem de técnico se deve exclusivamente à experiência que adquiriu como jogador. Não nos bancos da faculdade.
- Não vou comemorar o dia 15 de outubro, já que sou formado em Economia e Direito. Se tivesse estudado Letras, tudo bem (risos). Acho legal e bonito meus companheiros terem um dia para receber homenagem. Só que não me sinto no direito de participar dessa festa, embora alguns atletas me considerem um verdadeiro orientador - afirma o comandante do Internacional.
Sinônimo de profissional exigente ao extremo, Vanderlei Luxemburgo, técnico do Santos, enxerga uma ponta de ironia no verbete professor quando utilizado para designar quem coordena treinos e profere preleções no futebol.
- Acho que nós podemos comemorar. Afinal, somos formados em Educação Física. Mas a imprensa distorce o sentido da palavra. Melhor seria se tivesse o Dia do Treinador de futebol. Nem lembrava dessa data. Não me preocupo com homenagens- garante o técnico do Santos.
De acordo com Dorival Júnior, que está à frente do Cruzeiro- vice-líder do Brasileirão, é um orgulho ser chamado de professor por quem também tem o que ensinar: os jogadores. E a grande diferença para os outros tipos de professores é o salário.
- Os professores no Brasil são muito mal remunerados. Falta valorizar esse profissional, que para mim é sinônimo de respeito. Não faço questão de ser visto como tal, apesar de ser formado em Educação Física. O importante é saber dosar, como professor, a hora certa de cobrar e dar liberdade.