Para parlamentares, Teixeira é responsável pelo fracasso da CPI
09/11/2007 - 08:44 hs
CPI é arquivada
Os dois maiores mentores na tentativa de criação de uma CPI mista que investigaria as irregularidades do futebol brasileiro, o deputado Silvio Torres (PSDB-SP) e o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) apontaram um único responsável pelo fracasso da coleta de assinatura na Câmara dos Deputados nesta quinta-feira: o presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ricardo Teixeira.
"Foi claramente uma pressão muito forte da CBF. Como o Ricardo Teixeira está no comando das decisões da Copa de 2014, ele pôde pressionar os deputados, governadores, prefeitos, que estão esperando a decisão da sede e outros eventos que são relacionados à Copa de 2014: Copa das Confederações e até eliminatórias da Copa de 2010", afirmou o deputado Torres, que luta contra uma investigação do Tribunal Regional Eleitoral que rejeitou sua prestação de contas nas eleições de 2006.
Só nesta quinta-feira, segundo o parlamentar, houve 34 novas assinaturas de deputados, terminando assim com 168, três a menos que o necessário para a instauração.
No Senado, a coleta teve mais sucesso. Trinta e nove senadores apoiaram a medida - eram necessárias 27 adesões. Álvaro Dias também aponta o cartola da CBF como responsável pela não criação, mas destaca outro motivo.
"O motivo para não criação é a existência das corrupções que podem ser reveladas. A Copa só foi utilizada como instrumento de pressão. Em Minas Gerais, onde o governador [Aécio Neves, do mesmo partido de Dias] fechou questão pela Copa, todos os deputados retiraram as assinaturas", exemplificou o senador.
Ricardo Teixeira, por meio do assessor de imprensa da CBF, Rodrigo Paiva, afirmou ao UOL Esporte não ter nada a comentar sobre as acusações feita pelos congressistas.
No total, depois da decisão da Fifa de colocar o Brasil como sede de 2014 no dia 30 de outubro, mais de 100 assinaturas foram retiradas na Câmara de Deputados. "Houve uma intervenção direta da Confederação Brasileira em governadores, federações e líderes de partido. Havia lobistas plantados dentro do Congresso, fazendo corpo-a-corpo com os parlamentares", disse Dias.
O senador ainda avalia abrir uma Comissão só no Senado. "Eu poderia instalar uma CPI só no Senado. Não pretendo instalar uma CPI só para fazer notícia. Preciso ver se os senadores querem investigar. Eu preciso fazer uma avaliação", declarou.
Para Torres, a única iniciativa que resta é tentar usar a subcomissão da Copa de 2014, na Comissão de Turismo e Desporto, para poder averiguar possíveis irregularidades no planejamento da sede. Mesmo assim, a idéia é desacreditada pelo próprio deputado. "Há uma subcomissão criada que já convidou ministro e até o Ricardo Teixeira para falar sobre o evento. Mas é meio que chegar lá e falar das maravilhas", completou.
Prosposta de Fiscalização e controle O deputado Gilmar Machado (PT-MG), um dos que não assinaram pela CPI, vê uma alternativa para investigações de irregularidades. "Eu espero a criação da PFC [Proposta de Fiscalização e Controle] ainda. Eu vejo que é a melhor forma. Só depois seria a CPI", afirmou.
Para ele, a CBF não tem qualquer influência na decisão dos parlamentares. "Ninguém está fazendo nenhum tipo de investigação sobre a CBF", conta.
Para o início da fiscalização do futebol basta aprovação do requerimento pela Comissão de Turismo e Desporto, a qual Gilmar Machado e Silvio Torres fazem parte.