De Rose nega perseguição e estranha atitude de médica
05/12/2007 - 07:50 hs
Caso de dopping Rebeca Gusmão
O médico Eduardo de Rose, presidente da Comissão Médica da Odepa e responsável pelo antidoping durante os Jogos Pan-americanos do Rio, negou que estivesse orquestrando uma perseguição contra a nadadora Rebeca Gusmão (foto). Na noite de segunda-feira, a ex-diretora do departamento médico da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), Renata Castro, afirmou em depoimento à polícia que De Rose buscava intencionalmente encontrar culpa na atleta.
Rebeca está sendo investigada pelo delegado Marcio Cipriano, responsável pela Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Saúde Pública (DRCCSP). A atleta é acusada de fraudar o antidoping após o exame de duas das quatro amostras coletadas da nadadora apresentarem DNAs diferentes. O teste de DNA foi feito a pedido do médico.
'Absolutamente não tenho problema nenhum com a Rebeca. Eu não a conheço, não sou amigo nem inimigo', defende-se o especialista, negando também já ter classificado como questão de honra pegar a atleta em antidoping. 'Nunca disse isso. O que pode ter suscitado esta idéia é o fato de hoje o doping ser inteligente. Antes, a escolha (do atleta testado) era por sorteio, hoje é mais específica e ela já tinha um caso sendo investigado pela Fina', explica.
A exclusão do ex-jogador argentino Diego Maradona por doping durante a Copa do Mundo de 94 foi lembrada pelo médico como exemplo das diretrizes adotadas. 'Vai dizer que ele foi testado por perseguição? Foi por causa da Itália (pego no antidoping em 1991). É uma questão tática (a escolha)'.
Rebeca foi pega em um exame realizado dia 13 de julho a pedido da Federação Internacional de Natação (Fina). A amostra apresentou níveis elevados de testosterona que, segundo o laboratório encarregado do teste, tinha origem externa e não poderia ter sido produzida pelo organismo da atleta.
Durante seu depoimento, Renata ainda apontou supostas irregularidades nos procedimentos do médico, que teria identificado nominalmente a amostra da atleta enviada para exame de DNA, além de ter feito uso de laboratório não credenciado pela Agência Mundial Antidoping (WADA) para o exame.
De Rose garante que não houve irregularidades. 'São todos fatos que posso explicar. Se for chamado novamente, explico e mostro o que aconteceu', diz, afirmando não ter recebido ainda uma nova intimação. O médico estranha o comportamento da diretora.
'Não sei honestamente como responder. Em princípio, nada do que foi dito procede. Mas se ela tem dúvidas sobre minhas atitudes, o lugar para fazer estes comentários é o Conselho de Ética de Medicina, não a polícia. A polícia não está investigando se houve ou não doping. Talvez ela tenha a intenção de desmistificar a fraude pelo erro, mas isto não é possível'.
Para De Rose, a médica acabou não tocando no ponto realmente importante. 'Ela não falou do DNA, que era a única coisa relevante', questiona. 'A questão que a Rebeca tem de levantar é se há invalidez caso o doping seja julgado positivo na Odepa. Aí, eles devem levar as provas lá, que é o foro apropriado'.
Quanto às denúncias pessoais de Renata, o médico diz que irá aguardar os desdobramentos para ver o que fará. 'Não tenho intenção de repercutir isso. Tomo a liberdade de considerar um pouco mais o caso, antes de decidir se tenho de tomar uma atitude'.
Um processo na Justiça seria uma opção? De Rose evita especulações. 'Não me interessa debater nada disso publicamente. Conheço o código de ética da minha profissão. Se for levantar qualquer questão será no Conselho Regional'.