O cenário está escolhido: o Maracanã. Inusitadamente, o personagem principal seria protagonizado por 35 milhões de rostos. E o final do filme vai ser feliz. Até a trilha sonora já foi sugerida: o "Tema da Vitória", que embalou a incrível participação da torcida rubro-negra na arrancada do time, da zona de rebaixamento no Brasileiro à vaga na Libertadores. Inspirado por isso, o diretor de cinema José Padilha, do badalado "Tropa de Elite", planeja um documentário sobre a torcida do Flamengo.
Desde já, Padilha, um rubro-negro fanático - e neto do ex-presidente José Bastos Padilha (nome do estádio da Gávea) -, recebe o aplauso de Zico, o maior ídolo da 'nação' rubro-negra. Mesmo na distante Turquia, o técnico do Fenerbahce considera a homenagem à torcida do Flamengo mais do que justa.
"Eu fui um torcedor apaixonado como os de hoje e minha maior alegria é ter conquistado tantos títulos para o clube do meu coração. Não há história mais linda do que a paixão da torcida pelo seu clube", atesta Zico.
José Padilha concorda. A força da torcida inspirou o script do documentário, que, por enquanto, ainda é apenas uma idéia na cabeça, sem data para começar a ser tocado na prática.
"Mas a idéia ganha força com o aval do Zico, que é meu ídolo e de toda a torcida do Flamengo. Não é tão simples assim fazer um documentário e nem tenho data para começar a pôr em prática esse projeto", explica José Padilha, ainda envolvido com a divulgação de "Tropa de Elite", que em fevereiro concorrerá ao Urso de Prata no Festival de Berlim. Zico, o Galinho de Quintino, que também ficou emocionado com o papel desempenhado pela torcida no Brasileirão, sugere que torcedores ilustres, que fizeram parte da história rubro-negra, também sejam retratados no documentário.
"Nossa torcida é nacional, feita de gente de todos os tipos, raças, religiões e classes sociais. Um filme contando essas histórias e retratando o ano de 2007 tem tudo para entrar para a história do clube", encerra Zico
Torcedor aprova Autor do "Tema da Vitória", Carlos Alvarenga, vice-presidente da Urubuzada, aposta que um documentário sobre a participação da torcida na arrancada do Flamengo no Brasileirão seria sucesso garantido de bilheteria. E arrisca até a opinar sobre a trilha sonora.
"O 'Tema da Vitória' cairia como uma luva no enredo. E seria mesmo importante contar essa história, porque essa música nasceu com a arrancada do time e já está eternizada", emociona-se Alvarenga, que ouviu a canção ser entoada no show do The Police, no Maracanã.
Presidente da Urubu Guerreiro, José Carlos Peruano gostou tanto da idéia que vai homenagear o cineasta com uma placa, assim como fará com o prefeito Cesar Maia, que tombou a torcida do Flamengo.
"Ele é o maior cineasta do Brasil e vai ganhar o Urso de Prata. Aproveito até para pedir desculpas a ele, por ter comprado um piratão do 'Tropa de Elite'", diz.
Nome original Inaugurado em 4 de setembro de 1938, então bem às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas, o estádio da Gávea, também conhecido como Estádio José Bastos Padilha, numa homenagem ao presidente do Flamengo no período de 1933 a 1937, tinha originalmente capacidade máxima de 8 mil pessoas.
O recorde de público desse estádio foi registrado no jogo Flamengo 2 x 2 Fluminense, no dia 23 de novembro de 1941, com 15.312 espectadores. Uma invasão.
Há algum tempo, o Flamengo não joga no estádio da Gávea. Atualmente, o local serve apenas para o time fazer seus treinamentos. O clube utiliza o Maracanã para disputar seus jogos. Existe um projeto de remodelação do estádio, criado pelo presidente do Flamengo, Márcio Braga, que pretende expandir a capacidade para 35 mil pessoas.