Classificado pela primeira vez às semifinais do Campeonato Mineiro, o Ituiutaba (foto) não pensa em comemorações. Apesar da satisfação de todos no Pontal do Triângulo, a ordem é manter a concentração, pois o duelo com o Cruzeiro é considerado dos mais difíceis, ainda mais que a partida como mandante não poderá ser na Fazendinha.
Para tentar atingir o ápice de sua história de 61 anos, mas de apenas 10 de profissionalismo, a administração do Boa adota métodos pouco comuns no futebol, principalmente em relação a clubes de maior projeção. O pulso firme, o controle da badalação e a disciplina digna de quartel são características marcantes e podem ser consideradas responsáveis pela ascensão meteórica da equipe, que disputou a Primeira Divisão pela primeira vez apenas em 2005, depois de ganhar o Módulo II.
Dentro dessa filosofia, os dirigentes costumam considerar, na hora de contratar um jogador, a vida fora de campo, tão importante quanto o desempenho dentro dele. Contrato assinado, a vigilância continua. Os atletas que moram no alojamento oferecido pelo clube tem de se recolher às 21h, impreterivelmente, salvo quando estão de folga.
De manhã, o café é servido até as 8h, obrigando os atletas a acordarem cedo mesmo quando não há atividades programadas. Um dos planos, ainda não posto em prática, é a compra de bafômetros, que serviriam para detectar se algum atleta se excedeu no álcool antes dos treinos. “Estamos em uma cidade pequena, na qual todos se conhecem e as pessoas acabam comentando a vida alheia. Então nossos atletas precisam ter comportamento exemplar”, justifica o presidente Rone Moraes da Costa, que, na hora de reforçar a equipe, costuma buscar jogadores fora dos limites de Minas Gerais. “Gostamos de atletas que estejam buscando uma oportunidade na carreira, que levem as coisas a sério e saibam o quão importante é disputar um campeonato como o Mineiro.”
Além de exigir disciplina dos jogadores, ele e seus companheiros costumam lançar mão de outros expedientes para garantir pontos quando joga em casa. O gramado da Fazendinha, por exemplo, é decantado como “o mais pesado do Brasil”. Aliado a jogos às 10h e às 15h, sob um forte calor, atuar ali é um verdadeiro martírio para os adversários do Ituiutaba. O dirigente, porém, ressalta que o local oferece total condições para praticar futebol, além de ter segurança para os visitantes.
Outro ponto destacado por Rone é que os salários não são altos, mas o pagamento é sempre em dia. “Além disso, damos premiações aos atletas. Em alguns casos este ano, esse prêmio chegou a R$ 1 mil”, disse. “Cada clube tem sua filosofia de trabalho e a nossa é essa. Está dando resultado e não temos por que mudá-la.”
Definição Hoje, ele deve definir onde fará a primeira partida contra o Cruzeiro. Como o regulamento exige capacidade mínima de 10 mil pessoas, o mais provável é que seja no Parque do Sabiá, em Uberlândia.