São Paulo protesta contra jogo no Parque Antarctica
10/04/2008 - 09:00 hs
A confirmação do Estádio do Parque Antarctica como a sede do segundo jogo das semifinais do Campeonato Paulista, entre São Paulo e Palmeiras, na última quarta-feira, não agradou nem um pouco o time do Morumbi. A diretoria do clube divulgou uma nota oficial, assinada pelo presidente Juvenal Juvêncio, na qual se diz "preocupada" com a realização do jogo no local escolhido.
O São Paulo, dizendo que a decisão contraria tanto o bom senso quanto os pareceres contrários do Ministério Público, reprovou a atitude do Palmeiras, que já havia concordado em mandar a partida em um estádio do interior do Estado.
Por fim, argumentando contra a opção pelo campo do rival, Juvêncio diz que a Federação Paulista de Futebol (FPF) coloca em risco a segurança dos torcedores e de parte da população da cidade que vive na região do estádio, localizado no bairro de Perdizes, zona oeste de São Paulo.
A carta de Juvêncio diverge, em parte, da própria postura de parte da diretoria. Na última quarta, logo após a confimação do Parque Antarctica como sede da segunda semifinal, o assessor da presidência do São Paulo, João Paulo de Jesus Lopes, disse encarar a decisão da FPF com "tranqüilidade", apesar de também enfatizar o quesito segurança como motivo de preocupação.
Confira a carta na íntegra:
É com espanto, mas, sobretudo, com preocupação, que o São Paulo Futebol Clube recebe a decisão da Federação Paulista de Futebol pela realização da segunda partida das semifinais no estádio Palestra Itália. Tal escolha agride o bom senso e vem contrariar de maneira frontal todos os pareceres emitidos pelo Ministério Público, que vetou a arena por considerá-la inapta para a ocasião.
Mais do que isso, optou-se na última hora por colocar em risco a segurança dos torcedores e de parte da população da cidade que vive ou transita naquela região. Pergunta-se: a quem interessa realizar uma partida de tal magnitude cercada de tantas temeridades? Anteontem, o próprio presidente da Federação, Marco Polo Del Nero, descreveu o Palestra Itália como um "barril de pólvora".
A própria Sociedade Esportiva Palmeiras optara para que o jogo fosse transferido para uma cidade do interior do Estado de São Paulo, por ter consciência do risco de se jogar uma decisão no Palestra Itália, principalmente pela dificuldade de separar as duas torcidas no entorno do estádio o que colocará em risco até mesmo a integridade física dos militares que lá estarão para garantia da ordem, bastando relembrar os tristes acontecimentos de um jogo Santos e Palmeiras realizado em 4 de fevereiro de 2.007, o que motivou o Cel PM Comandante Izaul Segalla Júnior a solicitar a interdição do Palestra Itália pela impossibilidade de se manter a ordem naquele local em grandes espetáculos.
Pergunta-se novamente: o que foi feito nas últimas 48 horas para que a Federação marcasse o segundo jogo para o Palestra Itália, opção que fora abandonada desde o primeiro instante? O que mudou?
A direção do São Paulo quer, assim, deixar registrada formalmente sua não-concordância com essa decisão, feita de afogadilho e movida por interesses cuja compreensão nos escapa.
Uma coisa é certa: os interesses contemplados não são os da coletividade paulistana. Acataremos, com pesar e sob protestos, esta decisão da Federação Paulista, que, no entanto, ainda tem poder e tempo hábil para modificá-la.
De acordo com o artigo 73 do "Regulamento Geral das Competições" da CBF o São Paulo já disponibilizou 10% da capacidade de seu Estádio para a torcida palmeirense e exigirá a mesma proporcionalidade de ingressos para a sua torcida.