O Palmeiras (foto) deixou uma geração sem saber o que é comemorar um título paulista, mas, depois de 11 anos, 11 meses e dois dias voltou a mandar no futebol de São Paulo. Numa das decisões mais tranqüilas dos últimos tempos, o Verdão, que já tinha vencido a Ponte Preta por 1 a 0 no primeiro jogo, em Campinas, no final de semana passado, ganhou também no Palestra Itália. Neste último domingo, com 5 a 0, os palmeirenses conquistaram o 22º título estadual da sua história.
O Verdão, por ter melhor campanha nas duas fases anteriores – a de classificação e a semifinal – entrou na final já com a vantagem. Se quisesse, poderia até mesmo empatar as duas partidas com a Ponte que levaria a taça. Mas o melhor ataque da competição queria mais. Depois da vitória em Campinas, até uma derrota por um gol de diferença deixaria o título no Palestra. Mas ser campeão perdendo o jogo não tem a mesma graça...
Por isso, o Verdão foi para cima com fome de quem precisava vencer para ser campeão. De nada adiantou o jogo de cena do técnico pontepretano, Sérgio Guedes, que passou a semana dizendo que o zagueiro César e o volante Elias não iriam para o jogo. Para surpresa geral, minutos antes do começo do jogo, lá estavam César, com o joelho machucado, e Elias, com uma costela fraturada, na escalação. Mais atrapalharam que ajudaram.
A Ponte até começou melhor, pela necessidade da ocasião, e arriscou primeiro. O meia Renato, principal jogador da Macaca e que voltava a time após cumprir suspensão no jogo de Campinas, teve algumas chances de falta, sua especialidade, mas não soube aproveitar. Luis Ricardo teve ótima oportunidade, , mas Marcos pegou. Se marcasse o gol, a Ponte poderia mudar a história do jogo. Poderia...
Três minutos depois, numa lambança coletiva, o Verdão abriu o placar. Leandro cobrou falta da esquerda, a bola resvalou na cabeça de um zagueiro da Ponte e o volante Ricardo Conceição tratou de completar contra o próprio gol. Se as coisas já estavam tranqüilas para o Palmeiras, a ajudinha do rival foi muito bem-vinda.
A Ponte, que, a essa altura, teria de fazer três gols, foi para cima e aí se abriu completamente. Era tudo que o técnico palmeirense. Vanderlei Luxemburgo, queria. Aos 33, Élder Granja avançou livre para direita, cruzou e Alex Mineiro cabeceou para marcar o seu 13º gol no Paulistão e se igualar ao santista Kléber Pereira na artilharia. O gol valeu um prêmio de R$ 150 que a Federação Paulista de Futebol entregará ao atacante; ele promete repartir com o elenco.
Exatamente aos 34 minutos do segundo tempo, o torcedor do Verdão, enfim, soltou o grito que já ensaiava desde o domingo passado: “É-C-A-M-P-E-Ã-O!!!”.
Mas ainda tinha o segundo tempo. E foram 45 minutos de pura festa. A Ponte Preta até voltou do intervalo com o discurso de “ainda dá”. Mas não dava não. E Luxemburgo queria mais, tanto que ainda mandou mais dois atacantes para campo: Denílson e Lenny.
Para coroar o brilhante campeonato de Valdivia, o melhor jogador do Paulistão, faltava o gol dele. Aos 27 minutos do segundo tempo, o Mago fez de fora da área. Um gol para a torcida e para os pais que vieram do Chile só para ver a sua consagração.
E, agora, faltava o quê? Ah, Alex Mineiro ser o artilheiro isolado. Mas ele tratou de cuidar disso. Aos 30 (com Martinez impedido no lance) e aos 33, o camisa nove marcou mais dois e chegou a 15 gols para se transformar no maior goleador do estadual, ultrapassando o santista Kléber Pereira. Pelo feito, ele receberá um prêmio de R$ 300 mil, que prometeu dividir com os companheiros.
Os dois atos finais antes da entrega da taça foram de Vanderlei Luxemburgo. Com reconhecimento a Diego Cavalieri, que começou o ano como titular e deu lugar a Marcos quando este se recuperou de lesão, Luxa substituiu os goleiros. E, como faz sempre, faltando cinco minutos ele deixou o campo dizendo que a festa era só dos atletas e não dele. Mas é (e muito!) dele. Assim como em 1996, o treinador tirou o Palmeiras de um longo jejum. A conquista de 2008 é a terceira seguida em sua carreira e a oitava no geral. Ao lado de Lula, Luxemburgo, se torna o maior vencedor de Campeonatos Paulistas. As expulsões de Deda e Diego Souza praticamente passaram despercebidas...