Apoiado por quase 70 mil torcedores, o Cruzeiro (foto) partirá para cima do Boca Juniors nesta quarta-feira, às 19h10, no Mineirão, em busca de uma vitória que lhe dê a classificação às quartas-de-final da Copa Libertadores da América. A derrota por 2 a 1 no duelo de ida, em Buenos Aires, obriga o time mineiro a vencer por ao menos 1 a 0 ou dois gols de diferença para se classificar no tempo normal. A decisão da vaga só irá para os pênaltis caso a vitória celeste seja por 2 a 1. Os argentinos podem perder por um gol de diferença a partir do placar de 3 a 2.
Se o torcedor do Boca deu show em La Bombonera, no Mineirão o Cruzeiro terá o apoio incondicional de sua apaixonada “China Azul”. Os 69.333 ingressos colocados à venda estão quase esgotados. O estádio receberá o maior público cruzeirense desde 30 de novembro de 2003, quando o clube se sagrou campeão brasileiro ao derrotar o Paysandu.
Bem mais contido que o torcedor, animado pela conquista do título mineiro no domingo passado, o técnico Adílson Batista mostra confiança de que o Cruzeiro poderá sim eliminar o Boca Juniors, o atual campeão da Libertadores. Ela vê sua equipe num grande momento técnico, tático e psicológico.
“É um adversário tradicional, nós temos conhecimento disso, consciência, sabemos das dificuldades que vamos enfrentar, mas o Cruzeiro é um time organizado, bem estruturado, tem bons jogadores, que conseguiram lá um gol que nos deu vida na competição, e nós temos consciência que o retrospecto nosso é muito bom, principalmente na primeira fase, e tenho confiança. É um jogo que requer alguns cuidados, para que a gente evite o gol, e oportunidades eu tenho certeza que vamos criar. E os atletas estão bem concentrados para nos revertemos”, disse Adílson Batista.
O comandante explicou que a partida será muita estudada e que o Cruzeiro deve ser inteligente para evitar surpresas. Adílson acha que a classificação depende mais do que de apenas um começo fulminante contra os argentinos. “O jogo hoje tem 96 minutos, tem que ter atenção durante todo esse tempo, claro que é importante você imprimir um ritmo forte, mas tem que ter consciência que tem que manter o posicionamento e atenção durante todo esse tempo. Nós vamos trabalhar para que a equipe faça um grande jogo e desde o início impor um ritmo forte”, acrescentou o técnico.
Adílson Batista confirma que essa partida tem um peso diferente por significar a possível passagem do Cruzeiro à reta final do torneio mais importante do ano para o clube. “É um jogo que você ainda tem mais no calendário, há um objetivo maior mais à frente que é a conquista da competição, passa à próxima fase, superando um adversário tradicional, forte, reconhecendo isso, como um feito importante, e o Cruzeiro volta a brigar por uma conquista. Mas é um jogo que sabemos da responsabilidade, temos que ter consciência e estar preparados”.
O volante Charles foi mais longe e definiu este duelo contra o Boca como o principal de sua vida. “Quando se trata de Boca Juniors, um clube que tem história no futebol mundial. Então nós temos que ter total atenção. Nós sabemos que tem jogadores de qualidade do outro lado, e apesar nossa equipe ser muito nova, nós já temos uma experiência boa. Isso passa mais confiança para a gente, para avançar nessa competição, não vai ter problema nenhum. Eu vou repetir: o Boca é uma equipe muito qualificada, tem jogadores bons do outro lado, mas vamos entrar com uma postura de igual para igual e buscar o resultado do início ao fim”.
Gols Se o que o Cruzeiro precisa contra o Boca são gols, Marcelo Moreno diz estar pronto para marcá-los. O artilheiro do time na temporada, com 14, e da Libertadores, com oito, está louco para entrar em campo e cumprir sua missão mais uma vez. “Acho que é só a gente entrar no jogo e tentar fazer os gols. Aí vai acabar tudo, pensamento, pressão, todas as coisas que todo mundo está falando. A gente tem que fazer nosso trabalho para que essa pressão não apareça mais. Com certeza, se a gente passar do Boca, pode acreditar que o título está bem perto”, disse o goleador boliviano.
Moreno acha que o Cruzeiro teve seus méritos por perder de 2 a 1 em Buenos Aires num dia em que pouca coisa funcionou. Agora, com o apoio da torcida, ele está certo que a apresentação será brilhante e que o resultado necessário vai se concretizar. “Independentemente de eles terem bastante nome, o Cruzeiro demonstrou uma atitude diferente. A gente brigou do começo até o fim, não é o Cruzeiro que a gente conhece, que toca a bola, que sai para o ataque, mas foi um Cruzeiro que se defendeu e, na hora de atacar, atacou da melhor forma possível. Com certeza eles vão ver outro time agora e o torcedor vai fazer parte disso”, comentou.
Times O Cruzeiro provavelmente vai para cima do Boca Juniors sem o lateral-esquerdo Jadílson, que torceu o tornozelo esquerdo no clássico de domingo, contra o Atlético, em que o time conquistou o Estadual. O seu substituto será Marquinhos Paraná, que exerceu a mesma função no jogo de La Bombonera. Nas demais posições, Adílson evitará surpresas.
“No jogo de lá eu pensei em segurar o Marquinhos e os dois zagueiros com o Palermo. Eu fiz uma linha de quatro. Nós tivemos dificuldades, e mantendo os três (volantes) na frente. Se (Jadílson) não jogar, eu posso trabalhar com a mesma linha de quatro, com um improvisado - mas que sabe fazer isso -, com os três (Fabrício, Charles e Ramires), um solto (Wagner), e dois na frente (Moreno e Guilherme). O Jadílson tem uma contribuição ofensiva. Do lado dele, com Wagner e Ramires, foi por onde mais saiu gols. Mas alguém tem contribuir para isso, segurar, posicionar, a gente procura aproveitar as características do jogador”, disse Batista.
Adílson conhece bem o Boca e está confiante que o seu esquema dessa vez vai funcionar. O craque Riquelme certamente terá uma atenção especial. “Eles têm um posicionamento que vem desde o Bianchi, com duas linhas de quatro e dois na frente. Hoje com um pouquinho mais adiantado e mais solto, o Riquelme, e é um adversário que sabe jogar, já está acostumado. Temos que ter consciência disso e o torcedor entender, jogar junto, ter paciência, saber o momento certo de pedir ou pressionar, para que a gente tenha controle e junto dele a gente consiga fazer os gols e a classificação. Eu acho que é possível”, concluiu o treinador.
No Boca Juniors, o técnico Carlos Ischia terá o retorno do volante Fabián Vargas, que ficou fora do clássico de domingo, contra o River Plate. Ele entrará no lugar de Ledesma ou de Dátolo, autor de um dos gols sobre o Cruzeiro na partida de ida, em La Bombonera. Se ele mantiver Ledesma, haverá mais combate aos homens de frente celestes.
A boa notícia para o treinador argentino, discípulo de Carlos Bianchi, foi a recuperação de Riquelme e do zagueiro Morel Rodríguez. O primeiro deixou o clássico com o River com muitas cãibras e cansaço. O segundo levou uma pancada no joelho direito e continua em tratamento intensivo. O Cruzeiro será atacado por Palacio e pelo centroavante Palermo.
Estatísticas Cruzeiro e Boca Juniors já se enfrentaram 13 vezes, com seis vitórias brasileiras, três empates e quatro triunfos argentinos. Os celestes marcaram 14 gols e sofreram 11.
O Cruzeiro nunca perdeu para o Boca no Mineirão. Em seis jogos, venceu cinco e empatou um, com 11 gols positivos e cinco negativos.