O primeiro grande clássico da Eurocopa teve em campo a primeira grande polêmica do torneio europeu. A Holanda venceu a Itália por 3 a 0 na cidade suíça de Berna, com gols de Van Nistelrooy, Sneijder e Van Bronckhorst, mas o lance que abriu o marcador para os holandeses contou com o camisa nove laranja em posição irregular. Ainda por cima, o telão do Stade de Suisse repetiu a jogada, inflamando os torcedores italianos nas arquibancadas.
Com a vitória, a Holanda lidera o Grupo C com três pontos, contra um de França e Romênia, que empataram sem gols nesta segunda em Zurique. Na próxima rodada, a Holanda pode garantir classificação para as quartas-de-final caso vença a França, enquanto a Itália joga contra a Romênia.
O gol da polêmica saiu aos 26min do primeiro tempo. Após falta cobrada por Van der Vaart, o goleiro Buffon errou e espalmou a bola para dentro da área. Mathijsen dominou e tocou para trás, para o chute de Sneijder. A bola foi desviada por Van Nistelrooy, impedido, já dentro da pequena área.
Enquanto os holandeses comemoravam, o telão do estádio de Berna mostrou a repetição da jogada, e a torcida italiana veio abaixo. O atacante Luca Toni, inconformado, apontava para a repetição, mas não convenceu o árbitro a fazer nada, a não ser lhe mostrar o cartão amarelo.
Apesar da irregularidade, o gol fazia justiça ao que se via em campo. A Holanda já havia tido duas claras ocasiões de gol: aos 19min, Van Nistelrooy recebeu passe, invadiu a área sozinho mas, ao driblar o goleiro Buffon, se desequilibrou e perdeu o ângulo. Depois, aos 24min, Sneijder bateu falta na área e Materazzi desviou, evitando o que seria gol certo de Van Nistelrooy.
As duas seleções apresentavam um sistema 4-5-1, mas com intenções bem diferentes. A Holanda com dois volantes e três jogadores bastante avançados: Kuyt pela direita, Van der Vaart na armação e Sneijder pela direita. Já a Itália formava a linha de cinco meio-campistas logo à frente da defesa, congestionando o campo com Camoranesi, Ambrosini, Gattuso, Di Natale e um pouco inspirado Pirlo.
Ainda que em minoria (dos 30.777 pagantes, pelo menos dois terços eram holandeses), a torcida italiana apoiava a equipe. Mas calou-se após o segundo gol, que saiu aos 31min. A Itália tinha escanteio a seu favor e quase empatou. Mas Van Bronckhorst salvou em cima da linha e armou o contra-ataque. Van der Vaart recebeu a bola e abriu para o próprio Van Bronckhorst, que não foi acompanhado por nenhum italiano. O lateral inverteu o jogo para Kuyt que, de cabeça, deixou Sneijder livre para marcar o 2 a 0.
No segundo tempo, a seleção italiana foi para cima com a entrada de Grosso na vaga de Materazzi. Com a mudança, Grosso ocupou a ponta esquerda, com Toni recebendo companhia no ataque de Del Piero, que substituiu Di Natale.
A Holanda recuou demais, e a Itália teve diversas chances de diminuir o marcador. Em um chute de Del Piero que foi para fora, em uma falta de Pirlo defendida por Van der Sar e em bola recebida por Luca Toni que, livre na área, tentou encobrir o goleiro e errou. O gol parecia questão de tempo, mas quem acabou balançando as redes foi o outro lado.
Após nova defesa de Van der Sar em chute de Pirlo, a Holanda saiu rapidamente em contra-ataque aos 34min. Kuyt teve o primeiro chute defendido por Buffon, mas pegou o rebote e cruzou para Van Bronckhorst cabecear, fazer 3 a 0 e matar a partida.
A torcida laranja, então apreensiva, explodiu e fez a festa até o final em Berna. Já a Itália, campeã do mundo, precisa se recuperar para não repetir o vexame da Eurocopa 2004 e ser eliminada na primeira fase