Não tenho a pretensão e nem posso ser dirigente de clube de futebol, mas me considero experiente o bastante na matéria para dar uma sugestão aos dirigentes do Uberaba Sport Club neste momento difícil que o clube enfrenta. Sei que a esta altura a mesma poderá não ter nenhum valor, pois amanhã já deverá aportar na nossa cidade o senhor Michael Robin que pelo noticiário da semana acertou com a diretoria uma parceria com o clube colorado. Confesso que se tivesse poderes para fazer tal coisa não a faria. Na minha opinião, as possibilidades da mesma dar certo são remotíssimas e as de dar errado são enormes. Não devo condenar, antecipadamente, quem a fez, mas posso garantir que ele será o credor de todas as glórias em caso de sucesso ou pagador único de um alto preço se por ventura acontecer o fracasso. Penso que deveria ser este o recurso a ser utilizado somente após serem esgotadas todas outras possíveis possibilidades. O que no meu entendimento ainda não é o caso.
Sei perfeitamente que a diretoria colorada, em especial o seu presidente, está em pânico com muitas dividas para saldar, sem grande patrocinador e sem dinheiro para montar o time que dentro de 60 dias deverá estar estreando no Campeonato Mineiro de 2009 tentando, na pior das hipóteses, manter se na elite do nosso futebol. É uma pena que exemplos de um passado recente, como a falta de um planejamento antecipado, não evitem novamente que um dos mais tradicionais clubes do futebol mineiro esteja numa situação que acredito seja bastante, para não usar outro termo que poderia ser considerado muito pesado, preocupante. A entrega do time às vésperas da competição a um senhor de quem não se tem grandes informações e referencias, e as que são conhecidas não são lá muito estimuladoras, deixa qualquer um que goste do clube preocupado e apreensivo.
Acredito ser Uberaba uma cidade bastante grande e o Uberaba Sport Club bastante significativo e querido para a maioria desta comunidade ao ponto de merecer pelo menos uma opção mais digna de suas tradições: a de ser ele mesmo. Que fracasse ou triunfe por méritos e com recursos próprios. Que não se torne um clube “barriga de aluguel” ou “laboratório” para pessoas aventureiras, ou empreendedores, que aqui se aportarem com objetivos, que com certeza, irão bem além de apenas ver o colorado fortalecido e no lugar que merece, e que por direito ainda lhe pertence no cenário esportivo mineiro e brasileiro.
Minha sugestão é simples e se acharem que ela não é exeqüível tudo bem, mas não peçam para mim executa-la. Sou apenas um jornalista e posso no máximo dar a colaboração permitida pelos meus limites. Poderia a diretoria colorada formar um grupo composto por diretores e conselheiros para administrar a dívida de 2008 e remanescentes. Um outro grupo ficaria com a responsabilidade de montar o time para 2009. A este grupo seriam disponibilizados os recursos oriundos do patrocínio da televisão para o campeonato 2009 e mais o resultado de uma campanha que seria feita em caráter urgente-urgentissímo junto à população para arrecadar de 200 a 300 mil reais, que somados aos da televisão chegariam a aproximadamente 500 mil reais, valor estimado pelo diretor de futebol Ernani Nogueira, como o mínimo necessário para se montar uma equipe com chances de brigar pelo menos para ficar entre as oito melhores da primeira fase da competição.
Esta campanha se constituiria em colocar para os colorados mais abastados, ou mais desprendidos, a opção de ajudar o clube recebendo em troca o seguinte: ingressos para um camarote vip em todos os jogos que o clube irá realizar em Uberaba. Este camarote poderia ser patrocinado no seu custo de montagem por algumas empresas e teria mais ou menos o formato daqueles usados em festas e shows que acontecem na cidade. Uma empresa especializada saberia como montá-lo em uma área especial do Uberabão e ali o torcedor-investidor contaria com assentos confortáveis em lugares determinados, um bom serviço de bar, cobertura para proteção do sol e da chuva, entrada exclusiva, estacionamento privativo, camisa personalizada, diploma de torcedor de ouro e outros benefícios a serem estudados e sugeridos por quem gostar da idéia. Tudo isto por 200 reais mensais durante cinco meses. Se pelo menos 0,1% da população de Uberaba comprar a idéia serão mais 60.000 mil reais para serem investidos no time que teria uma folha salarial mensal de aproximadamente 100.000 reais, ficando as rendas dos jogos para cobrir as demais despesas. É difícil? Pode até ser. Mas porque não tentar com várias pessoas ajudando? Tudo isto com muita clareza, transparência e divulgação dos números diariamente pela imprensa e balancetes mensais bem detalhados.
Podem até dizer: “isto é idéia impossível de se realizar”. Melhor que entregar o time para quem provavelmente nem saiba a cor do seu uniforme acredito que seja. Gostaria de lembrar mais uma vez que esta é apenas uma sugestão que poderá motivar outras melhores e mais exeqüíveis. Apenas isto.
Bons Tempo Numa reunião realizada na sede do Uberaba que ficava em cima da loja Barbosa Materiais para Construção, o presidente Valtinho Barbosa afirmou aos presentes: “preciso de 20 cheques de 10.000 cruzeiros, valor semelhante a 10.000 reais hoje, para montar o time que vai disputar o Campeonato Mineiro”. Cinco minutos depois os mesmos estavam sendo guardados no cofre do clube. Era um ano do final da década de 70. O Uberaba fez um time jovem, tendo como base jogadores da região, realizou um excelente campeonato, obteve excelentes rendas e no seu termino vendeu alguns atletas. Valtinho devolveu os cheques aos seus emitentes. Não foi preciso usá-los. Bons tempos eram aqueles.