O ano do centenário pode terminar de um modo bastante desagradável para o glorioso Leão do Bonfim, conseqüência direta do processo eleitoral que está em franca ebulição no clube. Por duas vezes consecutivas, a Justiça embargou a realização da Assembléia Geral dos Sócios que iria eleger os 200 novos conselheiros efetivos e os 100 novos conselheiros suplentes do Villa Nova (foto). Essas duas assembléias estavam devidamente marcadas para acontecer no dia 26 de novembro e no dia 1º de dezembro, porém, o ex-presidente Nélio Aurélio de Souza recorreu ao Judiciário para impedir o funcionamento de ambas.
Sem eleger seu novo Conselho Deliberativo, o clube não pode ter a eleição presidencial. O mandato do atual presidente, João Bosco Pessoa, termina no dia 31/12, e o do atual Conselho Deliberativo, idem. Caso o panorama continue o mesmo, o Villa Nova corre o risco de começar 2009 totalmente acéfalo, sem um responsável legal para assinar contratos de atletas e representar o clube perante as autoridades esportivas, tais como a Federação Mineira de Futebol (FMF) e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Diante disso, o Leão do Bonfim corre o sério risco de não obter o Alvará de Funcionamento, documento que é emitido pela FMF em cada início de temporada. Assim, ficaria impedido de disputar todas as competições oficiais patrocinadas pela Federação Mineira e pela CBF. Na avaliação do presidente João Bosco Pessoa, a atitude de Nélio Aurélio se baseia em questões pessoais, que repercutem seriamente no dia-a-dia do Villa Nova. “Não podemos acertar a pré-temporada para janeiro porque não temos a certeza de quem vai assinar os pagamentos.
A reapresentação dos jogadores estava marcada para o dia 5 de dezembro, mas foi adiada pela falta de definição quanto à composição da Comissão Técnica. Atitudes irresponsáveis de pessoas sem compromisso com o clube e com o Município de Nova Lima estão colocando o Villa num clima de grande instabilidade”, desabafa o dirigente alvirrubro.A contratação de reforços é outro dilema vivido pelo Leão. “Como vamos contratar atletas se nem o nome do técnico foi definido?”, frisa João Bosco Pessoa.
Imbróglio Segundo alguns cardeais villa-novenses, a insatisfação do ex-presidente Nélio Aurélio começou nas eleições passadas. Presidente do Villa Nova no biênio 2005/2006, Nélio tinha a pretensão de continuar no poder, no entanto, foi preterido. Com a aproximação do atual processo eleitoral, o ex-presidente começou a montar uma chapa para concorrer novamente. Desgostoso diante da inviabilidade dessa nova investida, Nélio Aurélio começou a tumultuar o andamento das eleições no clube.
Para João Bosco Pessoa, esse tipo de comportamento demonstra uma certa mágoa em relação ao Leão. “Respeito o Nélio na qualidade de ex-presidente do clube e de vereador em Nova Lima, porém, as atitudes dele parecem às de uma criança mimada que perdeu o doce na rua e que começa a dar birra para a mãe comprar outro na padaria. Se ele tem o desejo se voltar à presidência do Villa, o que é um direito líquido e certo de qualquer cidadão em dia com o clube, o único caminho é disputar democraticamente as eleições. O que não pode é atrapalhar a vida do time”, diz o atual presidente.
As alegações jurídicas de Nélio Aurélio para paralisar o Villa Nova se baseiam na realização de uma Assembléia Geral do Clube ocorrida no dia 4 de novembro no Ginásio Poliesportivo. Nesse dia, houve a modernização do estatuto do Leão do Bonfim e sua adequação ao novo Código Civil brasileiro, o que é uma determinação legal para todas as associações esportivas do País. Nessa assembléia, o mandato dos próximos presidentes do Villa Nova foi passado de dois para quatro anos, sendo que o Código Civil exige que ele seja de pelo menos de três anos. Foi exatamente essa dilatação que deixou Nélio Aurélio colérico.
Enquanto aguarda o resultado de um recurso que será interposto no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília, o Villa Nova tentará, pela terceira vez, eleger seu novo Conselho Deliberativo. Uma Assembléia Geral dos Sócios foi convocada para o dia 11 de dezembro nos termos do antigo Estatuto do clube, que é de 1962, já que o novo está sub judice.