O volante Ramires, de 21 anos, principal destaque celeste, já vestiu a camisa azul 85 vezes e marcou 20 gols, mas jamais viveu a sensação de atuar no Estádio Castor Cifuentes, em Nova Lima, contra o Villa Nova. Domingo, às 17h, terá a primeira experiência, pela terceira rodada do Campeonato Mineiro, porém, não está impressionado com o que vai ter pela frente, por dois motivos: esteve na cidade, ano passado, onde acompanhou o Joinville (seu ex-clube), contra o Villa, pela Série C do Campeonato Brasileiro, e porque considera que jogar em campos ruins, com gramados duros e cheios de buracos, faz parte da vida de um profissional: “Já estive em estádios bem piores”.
Para ele, será um jogo de choque, pois a bola quica muito. “Você a espera de um jeito e ela vem de outro, mas essas dificuldades já sabíamos que iríamos ter no campeonato.” Como está sendo muito marcado, às vezes deslealmente, procura os árbitros e reclama da violência: “Mas não adianta. No lance seguinte, alguém vem duro de novo e tenho de pular. Tem gente dizendo que só fico pulando, mas tem de ser assim. Não vou esperar o choque para quebrar a minha perna”.
O técnico Adílson Batista comandou ontem mais um treinamento secreto, mas, na atividade vista pelos jornalistas, Ramires não estava entre os titulares. Wagner também ficou do outro lado, o que pode até levar a crer que o treinador ponha um time misto em campo. Ele disfarça: “Agora precisamos somar pontos, nos distanciarmos dos concorrentes para evitar dificuldades depois”.
Assim, a princípio, Ramires e os outros titulares estão confirmados. Para o craque cruzeirense, a Copa Libertadores está distante. Não pensa nela neste momento, mesmo sabendo que o Estudiantes de La Plata, da Argentina, será o primeiro adversário, dia 19, às 19h15, no Mineirão: “Temos de ficar de olho no Campeonato Mineiro, no Villa, depois Guarani, o clássico, e aí, sim, seguir o que o Adílson pedir. Sobre Libertadores, não podemos é repetir o que ocorreu em Potosí, na Bolívia (o Cruzeiro foi goleado pelo Real por 5 a 1, ano passado). E ainda enfrentamos o Boca Juniors, no primeiro mata-mata, quando fomos eliminados. Agora precisamos chegar mais adiante”.
O lateral Jonathan e o goleiro Fábio pensam da mesma forma: “Apenas sabemos que o Estudiantes é forte. É uma equipe que tem Verón, que marca duro e sabe aproveitar o jogo aéreo”, destacou o goleiro. O lateral observou que a equipe argentina é experiente e que manteve a base do ano passado. Disputou a final da Copa Sul-Americana, perdendo o título para o Internacional: “Mas o que temos agora pela frente é o Villa. Claro que aqui tem gente de olho no que vamos ter pela frente na Libertadores. O Emerson Ávila foi a La Plata e viu a vitória do Estudiantes sobre o Sporting Cristal. O importante é que o Cruzeiro está seguro e que o Adílson tem boas opções para todas as posições, principalmente para o ataque”.
Ao lado de Wagner, Jonathan é o jogador cruzeirense que mais conhece o Alçapão do Bonfim, porque, desde a categoria de base, joga em Nova Lima: “É complicado tentar tocar a bola no chão. A gente tem é de se impor”. Para ele, não há favoritismo, muito menos entender que será o confronto de Davi contra Golias: “Não existe isso do rico contra o pobre, do mais poderoso. Vocês recordam o que o Rio Branco fez com a gente aqui no Mineirão, ano passado? Perdemos o jogo e nossa invencibilidade”. Foi 1 a 0, única derrota na competição.
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