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SEÇÃO: Camp. Estaduais
O Galo que dá picada e faz cera
16/03/2009 - 09:15 hs
 
A nove dias de encerrar o ano de seu centenário, o Atlético ainda é alvo de distinções. Satisfeitos com o desempenho da equipe neste início de temporada, com vaga assegurada na segunda fase tanto do Campeonato Mineiro quanto da Copa do Brasil, os alvinegros (foto) ganham mais um motivo para mostrar que o clube, primeiro campeão brasileiro e mineiro a excursionar à Europa, é mesmo marcado pelo pioneirismo. A partir de hoje, passa a ser a primeira agremiação na história da ciência a ter um ser vivo descrito em sua homenagem.

A protagonista é uma rara espécie de abelha, encontrada exclusivamente na mata atlântica brasileira, descoberta pelo biólogo André Nemésio, pós-doutorando na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Como o inseto é negro, com o abdome listrado de amarelo claro, ele decidiu homenagear o clube do coração, batizando-o de Eulaema atleticana.

“A idéia da homenagem era antiga. Só que todas as abelhas novas que surgiam não tinham a coloração adequada. Quando surgiu esta, preta com finas listras amareladas, pensei: ‘É agora ou nunca’. Procurei o então presidente Ziza Valadares (renunciou ao cargo no ano passado), que não deu muita bola. Ainda brinquei com ele: ‘Você vai embora, mas o nome da abelha durará por toda a eternidade’. Não deu outra. Daqui a mil anos, mesmo que não exista mais futebol, sempre que alguém se deparar com o nome dessa abelha na literatura especializada e quiser saber a origem do nome, encontrará a história do Galo”, afirma Nemésio, de 38 anos.

Pelas regras científicas, que são internacionais, o nome passa a valer quando publicado em revista especializada. No caso, a neozelandesa Zootaxa, que registra a nova espécie em sua edição lançada hoje.

Na descrição oficial da abelha, o autor a explica assim aos cientistas de todo o mundo: “O nome específico homenageia o glorioso Clube Atlético Mineiro, um dos mais consagrados times de futebol do Brasil, que completou seu centenário em 2008, conhecido por ter a mais fanática torcida no país, que ultrapassa 6 milhões de pessoas”.

Com isso, os atleticanos ganham mais uma opção de mascote, que pode incomodar tanto adversários, com sua picada, quanto as esporadas do tradicional Galo. Nemésio, porém, descarta que sua descoberta ganhe espaço do tradicional símbolo. “O Galo é insubstituível. A abelha vem, no máximo, para fazer companhia”, afirma ele, que, sempre que as pesquisas permitem, acompanha o time nos estádios, até mesmo fora de Belo Horizonte.

Ecológico
Para Nemésio, os torcedores são como “embaixadores” do alvinegro e devem, no dia- a-dia, divulgar o nome do clube. “Se fosse astronauta, levaria a bandeira do Galo para o espaço, para a Lua. Como sou biólogo, fiz minha parte batizando uma espécie em homenagem ao Atlético. E isso é muito bacana, pois estamos vivendo um momento de crescimento da consciência das pessoas pela conservação da natureza. As crianças hoje aprendem essas noções na escola, desde novinhas.”

E destaca: “Acho que o Galo sai na frente, ao ter seu nome associado a essa nova mentalidade. Se o pessoal do marketing do clube souber usar isso, teremos uma ferramenta a mais para chegar às pessoas, principalmente as crianças, que são a torcida de amanhã. E é a torcida quem faz a fama do Galo. Então, o ciclo se fecha. O Atlético entra em um espaço que, normalmente, os times de futebol não ocupam.”


foto: Arquivo
 
Fonte: www.superesportes.com.br
 
 

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